quinta-feira, novembro 14, 2013

Madrasta? Não, arranja aí outro nome para nós!



Filhote:
Escrevo sem saber se te darei estas palavras para ler ou não... se calhar sim... Bolas, já fazes 13 anos, já não és nenhum bébé,  e há coisas que têm de ser ditas, por isso aqui vai.

Não sei se deste conta, mas tivémos momentos complicados. Isto de não ser tua mãe, ter as mesmas obrigações (ou mais) de mãe, mas sem os privilégios de mãe, não é nada fácil de gerir.

No início, pensei sinceramente que bastava seres filho da pessoa que eu amo, para eu gostar de ti automaticamente e ser tudo um mar de rosas. Wrong! Não é assim que funciona, e desengane-se quem pensa assim, ou está iludido que assim venha a ser. Foi difícil, mas creio que estes seis anos me permitiram, finalmente, perceber o meu papel nesta família.

Não quero ser tua mãe, não só porque, graças a deus, ainda tens a tua mãe verdadeira, e eu própria já tenho uma filha, mas principalmente porque não tenho de te amar como uma mãe. Não está escrito em lado nenhum que eu tenha de te amar como mãe. Se queres que te diga, nem sei que amor é este. Sei que te amo do meu jeito, sei que te amo porque quero e não porque é o que de mim é esperado! Sei que não é amor de mãe, nem de tia.... e não, não lhe quero chamar amor de madrasta, nem penses. Isso faz-me logo lembrar a bruxa má da Branca de Neve e eu sempre a detestei.

Para além disso, “madrasta” é uma palavra feia, tem uma fonética horrível, demasiado estridente com aquele “a” todo aberto, muito agressivo! Não, não é nada disso. É algo mais quente e meigo. É algo que me permite chamar-te filhote com imenso carinho e vontade, (excepto quando estou danada contigo). Só não consegui ainda arranjar-lhe um nome. Talvez tu possas ajudar-me a apelidá-lo ou a dar-lhe um nickname só nosso. Quando pensares nisso, pensa em alguém que te quer bem, muito bem, e que todos os dias acredita que tu vais ser um ser humano fantástico, bondoso, um verdadeiro gentleman.

Com esta lamechice toda, não penses que tás safo de ralhetes e puxões de orelhas, só porque fazes anos hoje. Continuas a tirar-me do sério com os teus esquecimentos, com as tuas infantilidades, com as tuas deambulações que chegam a roçar a irresponsabilidade, esse teu estilo “tou nem aí, e tá tudo cool” . Às vezes não há pachorra! Mas não faz mal, já deixei de me sentir mal com isso. Já deixei de me sentir mal por algumas vezes me apetecer dar-te uma lambada.  

Não gosto que me vires do avesso, mas gosto que sejas o meu compincha do sushi, gosto de te fazer bitoque com ovo a cavalo (o teu prato favorito) ou qualquer outra comida que eu sei que vais devorar. Gosto de saber que tiraste uma boa nota num teste para o qual estudámos em conjunto. Gosto quando ouves uma música na rádio e me perguntas o título da canção e quem a canta (aqui que ninguém nos ouve, tu sabes que não podes contar com o pai para isso). Gosto quando me perguntas o significado de coisas em inglês. Gosto que contes comigo!

Gostava que viesses ter comigo quando te apaixonasses pela primeira vez, o que já devo ter perdido, pois com certeza já aconteceu.

Gostava que contasses com a tua “irmã” para partilhar aqueles sentimentos que temos a fervilhar dentro do peito, mas que temos vergonha de contar aos pais. É para isso que servem os irmãos! Acredita em mim, eu tenho três! Por vezes, adoraria poder voltar atrás no tempo e reviver aquela cumplicidade que tínhamos na adolescência.

Gostava que compreendesses mais o teu pai, e que percebesses que ele luta tanto, todos os dias, para não te faltar com nada, e que é por isso que ele é tão exigente contigo. É esse o papel dele, e tens de reconhecer que ele tem sido Pai, com letra grande. Ele tem sido enorme, não pelo seu 1,89m, mas porque não há nada que ele não faça por ti. E, atenção que eu não disse “não há nada que ele não fizesse por ti”.

Acredito que, por muito que vás à bola comigo, gostarias de ter a mãe e o pai juntos, mas quando fores grande vais perceber que há relações amorosas impossíveis. Onde no início havia amor, penetram a raiva e o rancor de uma tal forma, que não há retorno. Espero que nunca tenhas de passar por isso, mas se te acontecer, não é o fim do mundo. Há-de aparecer-te, mais cedo ou mais tarde, um anjo caído do céu.

Que sejas muito feliz hoje, que fazes 13 anos, e sempre. E que eu tenha o prazer de te ver amadurecer.
Love you





terça-feira, novembro 12, 2013

Guilty Pleasures


Ando há uns dias a evitar vir ao blog, a fugir com o rabo à seringa, às voltas sem saber como abordar o tema sem vos chocar.
Virei-me para o tricot! Pronto, já está.... É o meu novo Guilty Pleasure, mas a culpa não foi minha, a culpa é da pré-adolescente lá de casa que, mal acaba de estudar, me inferniza o juízo queixando-se que não tem nada para fazer, usando esse argumento como desculpa para ficar a viciar no telemóvel e no tablet.
Um dia destes, depois de lhe sugerir ler um livro, ver um filme, ir dar uns toques na guitarra, whatever e a resposta ser “não me apetece fazer nada disso”,  disse-lhe como quem não quer a coisa e em desespero, “se quiseres posso ensinar-te a fazer tricot. Quando tinha a tua idade a tua avó ensinou-me, e ainda fiz umas coisas engraçadas”.
E não é que a miúda achou piada à ideia?  
No dia seguinte, fui a casa da minha mãe procurar agulhas e restos de novelo para a pequena.
Qual não é o meu espanto quando encontro um cachecol, a minha obra de arte iniciada há mais de ..... wtf....20 anos, e ainda inacabada, qual capela da Sagrada Família. Que desperdício!  Era agora ou nunca. Decidi terminá-lo!
Entreguei-me de tal forma, que dou comigo a desejar o final do dia para voltar ao meu projecto.  Os três livros que andava a ler congelaram em cima da mesa de cabeceira, e já nem me lembro em que canais da box são os TV Cines.
Este fim-de-semana, por exemplo, só parei para comer, dormir, fazer aquilo que ninguém pode fazer por nós (sim, as princesas também o fazem) e obviamente para ver os meus papoilas saltitantes pelos campos a vibrar e a dar 4-3 às lagartixas.
Já terminei a minha Sagrada Família, vou a meio duma réplica do Taj Mahal, e já tou de olhos postos numa espécie de Muralha da China. 
Cá está:



Eh pá, é que esta cena é extremamente relaxante, muitas vezes dou por mim estou a viajar na maionese. 
E depois, é tipo Tampax, dá para fazer “quase tudo” : ouvir o último podcast do “Tubo de Ensaio”, ligar o YouTube e relembrar a actuação dos U2 no Live Aid de 1985, “ver” televisão, etc.

Ok, confesso que voltei a colocar o último álbum dos Moonspell no leitor de CD do carro. Não vá o diabo tecê-las e eu começar a convidar o pessoal para ir lá a casa tomar o chá das 5h ou para alguma reunião de tupperware. Se me virem chegar a esse ponto, tirem-me do vício, ok? 
Ah sim, e a "piquena" lá começou o seu 1º cachecol. A ver se não demora 20 anos....