quinta-feira, abril 30, 2015

Menina de 12 anos que foste violada

Menina de 12 anos que foste violada pelo teu padrasto:

Li agora nas notícias que vais poder abortar.

Não te conheço, não sei por onde andaste nesta vida, quem te fez bem ou mal, que tipo de ambiente familiar era aquele em que vivias para consentir que o teu padrasto te fizesse as maldades que te fez.

Não sei como se encontra a tua mãe: se chocada e com raiva de não te ter conseguido ajudar, ou se indiferente ao teu sofrimento, pois sabia e nada fez.

Sei que há no mínimo um culpado, e esse, caso não haja justiça nesta terra, talvez outro Alguém se encarregue dele. Imagino que qualquer castigo que ele possa vir a sofrer não vai arrancar de ti as tuas mágoas, mas no mínimo alivia-te a alma não o ter por perto. Não precisas de ter mais medo, pois não voltará a fazer-te mal, nem a ti nem a mais ninguém.

Tens as leis, uma comissão de médicos e a tua mãe a traçarem-te o destino. Tens a imprensa, e uma catrefada de "opinadores" a argumentar o que deves ou não fazer com o ser que trazes dentro de ti, o qual não pediste nem planeaste.

Alguém te perguntou a ti o que queres? Como te sentes? Gostava de te ouvir, de saber o que te vai na alma.

És pequenina, eu sei, devias andar na escola a receber bilhetinhos de amor do colega de turma, a brincar nas aulas de ginástica, a ouvir música com os colegas no recreio, devias ir a festas de aniversário, concentrar-te nos teus estudos e a construir sonhos para o teu futuro.

Não devias estar aí, não devias estar a viver um dilema desta natureza, que poderá marcar-te para o resto da tua vida. Mas estás, por isso quero ouvir-te. Usaram o teu corpo para além dos limites que desejaste, usa agora a tua voz para impores a tua vontade.

Apesar da tua tenra idade, da confusão, dos medos, dos traumas, gostava de te ouvir. Nem que fosse para me dizeres " não sei o que fazer, decidam por mim". Ainda assim terias sido ouvida, talvez pela primeira vez na vida.





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Diz o que te vai na alma