quinta-feira, agosto 20, 2015

O drama de largar os filhos



Há quem não largue os filhos por nada:
- com receio que os filhos se esqueçam do seu amor;
- com receio que quem fica com eles não os trate tão bem como nós tratamos;
- com receio que eles tenham de saudades nossas e nós não estamos lá para lhes dar colinho;
- com receio que eles se magoem e nós não estamos lá para dar beijinho;
- com receio que eles não consigam adormecer sem se despedir de nós;
- com receio que..
- com receio...
- com... raio que parta!


Li recentemente um post de uma mãe/bloguer que se sentia dividida entre o precisar imensamente de uns dias na natureza, sem preocupações, fazendo projectos para o futuro e o sentir-se refém da filha, das saudades que teria dela. Confessa esta mãe, lá mais para o fim do post, que no fundo ela tem receio que a filha deixe de gostar dela. E assim se vai deixando ficar na rotina dos dias, mesmo estando a precisar muito de sair.

Apelo a esta mãe para que vá, e depressa! Não podemos viver reféns dos nossos filhos, e nem sequer é saudável que eles sejam assim tão dependentes de nós.

De que nos vale estar todos os dias com os filhos nesta angústia? Se precisamos de um escape, de fazer dois ou três dias de intervalo, não há mal nenhum nisso. Muito pelo contrário, o reencontro é maravilhoso para nós e para eles.

Seja porque por vezes precisamos de algum tempo para só nós, seja por motivo de divórcio em que as nossas crianças são partilhadas com os pais, por vezes temos de os largar.

A separação dos filhos custa muito (principalmente as primeiras vezes). Ainda me lembro da minha Smartieteen a chorar ao telefone porque não conseguia adormecer sem fazermos o nosso ritual de despedida ao deitar. Chorava ela e chorava eu. Hoje, continuamos a fazê-lo sempre que estou presente, mas já não sofre com a minha ausência quando não estou. E isso é bom!

Se nunca o fizermos não saboreamos o que é morrer de saudades de um filho e mesmo assim deixá-lo ir, não descobrimos o sorriso e a alegria do reencontro, não sabemos o que é dar-lhes a liberdade de nos amarem independentemente de também precisarmos de tempo para nós!

Para além disso, estamos a esquecer uma parte muito importante: os miúdos também precisam de férias dos pais, de um time out, livres de todas as regras e horários que impomos. Precisam de avós que os estraguem, de tios que os mimem, de familiares e amigos que os tirem da nossa rotina e lhes mostrem outras realidades. E aí é que entra o receio de os filhos deixarem de gostar de nós! Como se isso fosse possível.

A sério, mães! Não vos falo de irem para a night todos os dias e abandonarem os vossos filhos! Mas também nem sempre nem nunca, bolas! E não estão propriamente a entregar os vossos filhos a serial killers, certo? Para quê tanto drama?

Sabem aqueles casais que quando os filhos crescem e saem de casa, já não sabem o que fazer da vida, nem um com o outro? É começar a treinar já o que fazer na ausência dos filhos.








4 comentários:

  1. Eu sempre que tenho os avós por perto, faço uma mochilinha e vou com o meu marido namorar para qualquer lado dois ou três dias. Pena que eles passem meses sem cá vir.

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    1. É isso mesmo! Faz bem a todos. Até aos avós que criam laços com os netos.

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  2. Concordo contigo, mas ainda sou meio "agarrada" à miúda. :P De vez em quando deixo-a com os avós e aproveito para sair, divertir-me só com adultos ou namorar, mas custa-me. Especialmente as noites.

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    1. A nossa cabeça está sempre a pensar neles e o coração não está totalmente tranquilo, mas faz bem esse espaço e o reencontro é muito bom.

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