quinta-feira, abril 07, 2016

A Hora de Deitar

Desde os tempos em que a minha Smartieteen era pequenina que a hora de dormir é um momento importante para ambas.

Não tem nada a ver com a leitura de histórias para ela adormecer. É algo muito íntimo, muito nosso.

Sempre fui eu que a deitei, que a adormeci fazendo-lhe festinhas no rosto, passando os dedos repetida e levemente desde a testa, passando pelo nariz e pelos olhos, até ao queixo. E ela deixava-se ir no sono.

Talvez por isso, quando eu e o pai nos separámos, a parte do dia que mais lhe custava era a hora do deitar. Chegava a telefonar-me e a fazer todo o nosso ritual de boa noite via telefone, para conseguir adormecer.

O acto de ir para a cama sempre foi acompanhado de muitos beijos e abraços, de conversa, de desejos de bons sonhos. Naqueles minutos fazemos um resumo do dia e tiramos algumas conclusões, falamos rapidamente de como vai ser o dia seguinte e o que de mais importante há para fazer para não esquecer, dizemos que nos amamos e desejamos uma noite de bom descanso.

Agora tendo ela 15 anos, agora que já vai a jantares de gala com vestido de noite, saltos altos e maquilhagem, uma mãe prepara-se para que estes episódios de carinho comecem a escassear.

Ou talvez não!

Aconteceu ontem. Já era suposto ela estar a dormir há algum tempo, mas ouviu os meus passos de pantufa no corredor e de dentro do quarto, aconchegadinha na cama, quando passei à sua porta, disse baixinho: mãaae.

Abri a porta e perguntei: "então? Já devias estar a dormir, está tudo bem?"

Ela: "Está mãe, mas anda cá."

Aproximo-me!

Puxa-me pelo braço, e diz "estou a precisar daquele abraço. Acho que hoje ainda não tínhamos dado o nosso abraço"... Ficámos ali uns segundos.

Apertei-a com força e enchi-a de beijos. Contive-me para não me virem as lágrimas aos olhos. Sosseguei, pois o meu coração dizia para a minha alma:  "Fica tranquila, esta ainda é a tua menina".

Como diz a Maria no filme  "Música no Coração",  I must have done something good!



6 comentários:

  1. Vieram-me as lágrimas aos olhos. A minha só tem 13 anos e eu sempre achei que nesta altura o cordão umbilical já teria sido cortado, mas não. Identifiquei-me imenso com esta situação e espero mesmo que continuemos as duas a ter estes gestos que tanto nos enchem o coração. Beijo

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  2. Adorei e chorei. Principalmente porque me revi nas tuas palavras e no amor com que as escreveste. Relações entre mães e filhas comovem-me sempre.
    Ainda hoje tenho uma relação semelhante com a minha mãe. Já adulta, continuava a sentar-me na cama dela, à noite, para lhe contar tudo sobre o meu dia. Ainda hoje mandamos um beijo de boa noite pelo chat e não há dia que não falemos ao tlm. Quando saí de casa, e apesar de muito feliz com isso, houve um momento em que chorei baba e ranho ao perceber que estava mesmo a sair do ninho e que ia deixar de viver com ela e tê-la comigo em todos os momentos importantes do dia. Não íamos mais lanchar juntas todos os fins de semana e ver os filmes todos da tarde, nem conversar antes de dormir… Pelo menos, não da forma como fazíamos.
    Hoje, tenho os mesmos rituais e a mesma relação mágica com a minha filha. E tenho esperança que ela permaneça, sem grandes percalços. Porque esse amor é sem dúvida um dos nossos alicerces de alma mais importantes.

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    1. É maravilhoso e encorajador que consiga ter com a sua filha a cumplicidade que tem com a sua mãe. Relações assim são Limonada da Vida! Parabéns por isso.

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    2. Acabei de perceber que não respondi com mail do blog. E percebi isso quando te vi a tratar-me por "você". Sou eu, a Marta A de "Um Dia Acabo o Livro", mulher!!! :P Não que interesse, mas era só para saberes com quem estavas a falar. :P :D

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    3. Aahahah, és tu mulher! Interessa pois! Obrigada por teres tido essa atenção. É pá, parabéns por conseguires ter isso tanto com a tua mãe como com a tua filha. São pilares fundamentais, sem dúvida!

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