domingo, maio 15, 2016

Os voluntários distribuem comida, não peçonha!

Sexta-feira foi novamente dia de volta com as equipas-de-rua da Comunidade Vida e Paz. Desta feita, fui eu a condutora de serviço!

Quem conhece o trânsito em Lisboa sabe o quanto é difícil "encostar" quanto mais estacionar.

Se nalguns pontos da cidade são tantas as pessoas sem-abrigo que vêm ter connosco que é preciso estacionar, dar-lhes alguma atenção e dois dedos de conversa, noutras paragens mais ao final da noite e pelo facto de eles já se encontrarem a dormir, limitamo-nos a encostar a carrinha, e deixar a comida no sítio onde eles dormem.

Ora num desses nossos pontos de passagem, a Praça da Alegria, encostei em frente a um hotel, o Hotel Alegria se não me falha a memória. Assim que nos viu encostar, em carrinha devidamente identificada, o porteiro/segurança aproximou-se para me mandar seguir, tentando impedir-me de parar ali. Pedi-lhe que me desse um tempinho, pois as colegas iam só deixar os sacos e vinham num instantinho.

Nem dois minutos depois, assim que elas voltam, e começam a entrar na carrinha, o senhor porteiro/segurança dirige-se a elas dizendo em tom autoritário:
- Vejam lá, isto não é para se habituarem a parar aqui!

Era meia-noite, não havia um único cantinho onde estacionar uma carrinha de 9 lugares, encostei dois minutos, sem sair do meu lugar, para as colegas-voluntárias sairem e entregarem os sacos aos dois sem-abrigo que dormiam nos bancos de jardim! Não estacionei para ir ao café comprar água ou tomar o pequeno-almoço depois de ir deixar os miúdos na escola.

Alguém diga a este senhor que os voluntários distribuem comida, não peçonha!

Há alturas em que me sinto melhor junto dos "desajustados" do que dos alegadamente "normais".






1 comentário:

  1. Caramba... :/ Que pessoas tristes que andam por aí. Felizmente não serão a maioria.
    Parabéns pelo vosso magnífico trabalho. Pessoas como esse senhor, merecem um pouco de piedade.

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