sexta-feira, setembro 30, 2016

Há dias em que ....


Tirando os nossos amigos, pais, maridos, irmãos, filhos, por vezes alguns tios e com jeitinho alguns cunhados, o resto dos homens são basicamente uns idiotas! 
Chiça penico! Livra!
#sermulher

quinta-feira, setembro 29, 2016

Os vizinhos existem para alguma coisa


Os meus novos vizinhos do piso de baixo colocaram um jacuzzi na varanda da sala, daqueles para seis pessoas.
Não os conheço ainda, mas daqui de cima parecem-me boas pessoas. 
Espero que eles sejam só 2, porque nós somos 4 cá em casa.
#fazeramizadecomosvizinhos

segunda-feira, setembro 26, 2016

Pensamentos de uma pseudo-corredora

De há uns meses para cá, muito em virtude de ter em casa um aspirante a maratonista que me desafia e me inspira, tenho feito algumas provas de corrida.

Quanto mais corro mais me apercebo que a corrida não é só um enorme esforço físico, mas um teste à minha mente e ao meu espírito de sacrifício. Quando estás quase quase quase a desistir, a parte psicológica vai buscar forças para te dar o combustível que o corpo precisa. 

No meu caso, são estas as diversas fases da corrida:

- OS 2KMS INICIAIS: 
Já?! Ena, isto fez-se bem. Já só faltam 8km.

-ENTRE OS 3 E OS 4 KMS
Conseguirei melhorar o meu tempo? A este ritmo acho que vou fazer isto abaixo dos 60 minutos.

- ENTRE OS 4 E OS 5KMS
Ainda? Bolas, ainda nem a meio do caminho vou e já estou a deitar os bofes pela boca.
Calma...
Vê que lindo cenário está à tua volta, estás a correr em plena marginal, está um dia lindo e tu és uma privilegiada por estar aqui. Ouve a música que passa nos fones e esquece o sofrimento. No fim vai valer a pena.

- ENTRE OS 5 E OS 6KMS
Ainda falta metade! 
Não querias reduzir o índice de massa gorda? Não querias perder gordura e celulite? Agora aguenta! Deixa-te de lamúrias. Pensa nesse teu rabo gigante e toca a mexer essas pernas.

-ENTRE OS 6 E OS 7KMS
Onde é que eu me vim meter? Estou de rastos. 
Mas quem é que tu queres enganar? Tu não nasceste para isto, miúda. Desiste! 

- APROXIMAM-SE OS 8 KM
Desistir?! Eu?! Mesmo que eu desistisse, ninguém me vinha cá buscar. Tenho de ser eu a ir até à meta, e eu recuso-me a fazê-lo a andar! 

- A BARREIRA DOS 9KMS
Já só falta 1km. Tás a ver não custa nada. Querias tu ter desistido aos 4km.... 
(Mas onde está o raio da meta que nunca mais a vejo??!)

- A CHEGADA À META

Sprint Final.
Sou a maior, sou poderosa! 
Da próxima vez inscrevo-me numa prova de 15km em vez de 10km.

ou talvez não ... 






segunda-feira, setembro 19, 2016

Ser voluntário não é para todos

Não é fácil ser voluntário! Não basta ter vontade de ajudar alguém.

Porque não? Porque nem todos são seres humanos de olhos tristes e meigos que carecem de conforto, de apoio e de uma oportunidade.

Também os há duros, cansados da vida, refilões e agressivos, com tanta vergonha e revolta que não reconhecem o quanto precisam de nós.

Há quinze dias apanhei um fulano que reclamou que as sandes que distribuíamos estavam estragadas, que os bolos não estavam em condições, e que aquilo que eu estava a distribuir era comida que não se dava a um cão quanto mais a uma pessoa.

Achei estranho, mas pedi desculpa. Disse que desconhecia (pois só faço a entrega), mas que iria pedir à equipa responsável pelas sandes para ter isso em consideração. Respondeu-me que isso não ia mudar nada, e que se era para andar a entregar lanches daqueles mais valia eu ficar em casa.

Fiquei magoada, mas entendi a situação como uma insatisfação pontual, como um desabafo. Transmiti a reclamação no relatório interno para que da próxima vez não se repetisse, e segui o meu caminho.

Nesta última sexta-feira, quando me dirigi ao mesmo homem por volta da meia noite, reparei que estava no mesmo sítio, deitado no mesmo banco de jardim, todo coberto pelo saco cama, nem a cabeça se via. Imaginei-o a dormir. Quando assim é, quando se encontram a dormir, deixamos o saco em silêncio para não os acordar. Foi o que tentei fazer, até pelo avançado da hora. Como entendo que comida não se deixa no chão, tentei pousar o saco junto aos seus pés, em cima do banco de jardim onde dormia. Mandou um salto e sentou-se. Não sei qual dos dois ficou mais assustado.

Começou a disparatar comigo, que não era assim que se fazia, que não é para se deixar o saco assim de qualquer maneira.
-Isso não se faz! Diz-me ele.
- Peço desculpa se o assustei, não era essa a minha intenção. Pensei que estava a dormir e queria apenas deixar-lhe o saco para quando acordasse.
- A mim não me assustas que eu já passei por muito nesta vida. Mas não deixas assim o saco e vais-te embora..

(Mau Maria, queres confusão? Há 15 dias foram as sandes estragadas e que mais valia eu ficar em casa, agora é a maneira como eu deixo o saco?)

- Olhe, quer que deixe o saco ou não? Se não quer eu posso levar de volta...
- Olha para as tuas colegas (ambas em silêncio). Nenhuma delas fala assim! Tu só queres deixar o saco e ir embora. Não é assim que se faz. Olha para as tuas colegas e vê como elas são simpáticas.

Passei o saco à colega (bastante mais condescendente do que eu, confesso) e informei que me ia embora. A ele disse que tinha sido a última vez que lhe levaria comida, pois era a segunda vez que era mal-educado comigo. Disse-lhe textualmente: De mim, você não recebe mais nada!  Bolas, sou uma voluntária, não sou Madre Teresa de Calcutá.

Voltei para a carrinha e por momentos pensei que não valia a pena continuar: o que fazes tu aqui, pá? Fica mas é em casa, no sofá, com a tua família, a ver filmes e séries de enfiada.

Pela primeira vez, em quase dois anos decorridos desde que abracei este projecto com a Comunidade Vida e Paz, apeteceu-me bater com a porta. Fui bombardeada por pensamentos como "não estou para isto", "não volto mais", "não foi para isto que me tornei voluntária".

Mas depois, com mais calma vem a certeza de que não me posso deitar abaixo por uma única pessoa. Não é um homem demasiado amargurado com a vida que me vai fazer abandonar os sorrisos rasgados e os obrigados sinceros dos restantes. Tais sorrisos valem fortunas, sabem-me a imensidão, tornam-me grande e forte. São eles que me motivam a continuar a fazer isto com amor.

Num panorama de centenas de pessoas sem-abrigo que ajudamos quinzenalmente, a sua maioria são-nos efectivamente gratos. É nesses que eu tenho de me focar.

Pode ser que um dia ele aprenda que mesmo não precisando, não temos o direito de maltratar ninguém, quanto mais quando precisamos.

Um grande bem-haja a todos os meus colegas da Volta B!