Tomei conhecimento, por intermédio de outrem, de um segredo ( mais um) que contaram à Smartieteen e que ela não me revelou. Tem agora 19 anos, mas desde pequenina que assim é. Se lhe pedirmos que guarde segredo de algo, podemos ter a certeza que morrerá com ela.
Fá-lo com tanta naturalidade que por vezes as pessoas pensam que eu já sei de certas coisas, e eu continuo com ar de ignorante e incrédulo.
Fá-lo com a convicção de que é esse o seu dever.
Fá-lo com a certeza de que é uma pedra basilar da amizade.
Há quem o faça, quem saiba guardar um segredo, apenas e só para garantir que tem o outro mão. Para não perder o trunfo de um dia poder chantagear quem lhe pediu segredo, afirmando algures no meio de uma discussão “não te esqueças daquilo que sei acerca de ti”, mas isso é próprio de gente reles e mal formada. Ou melhor, a isso chama-se “filha putice”.
Exactamente o oposto daquilo que faz a pessoa a quem, de peito inchado que nem um pavão, chamo de filha mais velha.
I must have done something good.
Toda a comida precisa de uma pitada de sal, toda a vida precisa de um toque de limonada.
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sexta-feira, fevereiro 28, 2020
sexta-feira, fevereiro 07, 2020
Uma filha com 19 anos e outra com 19 meses
Uma tem 19 anos e a outra 19 meses.
Não se torna a repetir esta coincidência de idades. Quando a Beatriz tiver 20 anos já a Maria tem 31 meses. Aliás, a partir de certa altura chega a ser ridículo continuar a contar meses, pelo que terá simplesmente 2 anos.
Estou numa fase fantástica da minha vida. A viver coisas maravilhosas com ambas.
A Beatriz entrou este ano na faculdade de psicologia, está a tirar a carta, ontem foi ao picar o ponto e fazer figura de corpo presente no Dia da Defesa Nacional. Está a largar-me as saias aos poucos. Está sempre contra mim, apesar de continuar a pedir a minha opinião e de partilhar comigo os seus gostos. Musicais principalmente.
Já com a Maria estou na fase da descoberta diária, na fase de me chamar para tudo (mãe , mãe , mãe a toda a hora) na fase de ela nos espantar com o seu vocabulário e crescimento, Estou na fase dos projectos para a creche em materiais recicláveis, na fase do largar a chucha e a fralda, na fase do colinho para dormir e da explosão de alegria e uma recepção calorosa sempre que meto a chave à porta.
Estou tão grata à vida por me permitir viver estas duas fases tão distintas da maternidade, por absorver cada gesto destas duas criaturas que, apesar de terem idades tão dispares, projectam em mim a figura do porto de abrigo, da força, o melhor remédio para todas as maleitas, a heroína sem capa, rainha sem coroa.
Sinto-me dona de um amor reciclado, renovado em cada amanhecer e nunca desperdiçado. Dar amor, mimo e colo nunca é um desperdiço. Seja em que idade for. Quando fui mãe aos 25 não tive a noção da velocidade abismal a que tudo isto passa. Carregamos tanta incerteza e ansiedade que nos focamos mais nos medos do que nas coisas boas.
Na primeira vez, somos mais mães do será que anda a comer o suficiente?, será que a posso levar à rua?, será que não vai ficar doente? E quando damos por isso está a gatinhar, a andar, a entrar para a escola, a sair com os amigos e a viajar sozinha. E a infância foi-se.
Agora que fui mãe aos 42, já estava preparada para sugar ao máximo a Maria Limão e tento fazê-lo mais e mais todos os dias. Quero apertá-la ainda mais, dar-lhe ainda mais colo, chegar a casa mais cedo, sentar-me mais vezes no chão, estar cada dia mais disponível.
Quero Mais, para ambas!
É que parecendo que não, estas idades passam e não voltam mais.