Credo! Matar?! Quem? Como? Porquê?
A 1ª vez que vi o anúncio
promovido pela Associação dos Antigos Alunos do Colégio Militar, confesso que
pensei “lá está o Coelho outra vez nos cortes”. Quis crer que o corte na despesa era necessário, tal como na MAC, e
independentemente de estar de acordo ou não. Como sou teimosa que nem uma porta e detesto morrer na ignorância,
investiguei o tema mais a fundo.
Afinal, ninguém quer matar ninguém!
Ufa, que alívio. Afinal o que se pretende é fundir o Colégio Militar com o
Instituto de Odivelas, e permitir que o Colégio se torne numa instituição de
internato mista.
Visto ser um tema com o qual não
estou intimamente familiarizada (pois nunca frequentei qualquer instituição
militar) tentei conhecer as várias versões, os vários pontos de vista e quais
os argumentos pró e contra.
A posição da referida associação, pelas palavras do Sr. Presidente da associação, António Reffóios, é tão somente que não se desvirtue o modelo de ensino que dura há mais de 210 anos (whatever that means). Mais, não exclui a possibilidade de aulas mistas, mas nunca o internato dentro do mesmo campus, ou seja, o que se receia são as cowboiadas nocturnas. Salienta o sr. presidente que o facto de as Forças Armadas serem mistas, hoje em dia, não é argumento válido, pois nesse caso estamos a falar de adultos e não adolescentes (o que até dou de barato). Refere ainda que o Estado pretende constituir uma “instituição marca branca”, o que desprestigia fortemente a instituição bicentária e profundamente elitista que é hoje o Colégio Militar.
O ministro da defesa Aguiar Branco, por outro lado, defende-se alegando tratar-se de um motivo de orgulho (de si próprio) que as mulheres passem a poder a estudar no Colégio Militar, e que a reforma está a ter resultados positivos, nomeadamente pelo aumento do número de inscrições no colégio.
Muito bem! Então e as mulheres?
Será que as mulheres querem esta mistura? Devo confessar que me deslumbrei com
os comentários que li de uma ex-aluna do Instituto de Odivelas, a Sra.
Margarida Pereira-Muller. Na opinião de Margarida, as alunas querem ter acesso
a um ensino diferenciado por género. Isso mesmo, querem ensino diferenciado. Mas
não pense o leitor que as mesmas são sádicas ao ponto de gostarem de ser
discriminadas, nada disso! Querem antes poder desenvolver-se (e passo a citar)
"ao seu ritmo e não ao ritmo mais lento dos rapazes". Ora toma que já almoçaste!
Na minha singela opinião, e baseando-me na convicção de que o Estado tem
essencialmente a obrigatoriedade da defesa da igualdade e não da manutenção de
tradições/pensamentos, só porque sim, parece-me muito bem a criação de condições
para que as mulheres possam no futuro ascender a altos cargos militares,
parece-me muito bem a integração dos jovens (de ambos os sexos) na vida activa em comunidade, ao serviço da comunidade.
Rapazes e raparigas têm
ritmos diferentes, é certo! Mas num grupo de dez raparigas, por exemplo, têm todas um ritmo igual? Não! Nenhuma criança
é igual à outra, nem mesmo os irmãos, quer sejam do mesmo sexo ou não! Por isso
sempre fui contra a educação diferenciada por géneros. Caso contrário teríamos uma escola por criança!
Estou convicta de que, tal como a
polémica do aborto, do casamento homossexual, ou até mesmo o fim das touradas,
no princípio o povo estranha, mas depois deixa-se convencer de que este é o
caminho para o país civilizado, democrático e igualitário que os ideais de
Abril nos ensinaram. O ensino é desenvolvimento e liberdade, não restrição ou
afastamento.