Apesar de ontem ter sido Dia Mundial da Generosidade, a data ficou marcada na história da humanidade pelos piores motivos: Paris 13 Novembro 2015.
Tinha acabado de chegar a casa por volta das 02.00h da manhã, vinda da volta de rua com a equipa de voluntários da Comunidade Vida e Paz, quando me inteirei da notícia.
Ao tomar conhecimento dos diversos ataques na cidade de Paris, é impossível controlar um misto de sentimentos como a indignação, a compaixão, a raiva, a vontade de vingança e o medo.
Nas redes sociais está já espelhada, àquela hora, esta mixórdia de emoções, e não demora muito para que o discurso de alguns comentários inflame e se passe da indignação às reacções de nacionalismo extremo.
Talvez pela necessidade de encontrar um culpado, o bode expiatório nesta altura são os refugiados sírios. Depressa se passa da vontade de ajudar para a necessidade de nos protegermos. É o instinto de sobrevivência a falar mais alto.
Tudo isto é inflamado pelo sentimento de impotência quanto à forma como estes ataques podem ser prevenidos e evitados. Como combatê-los? Como defendermo-nos quando nos atacam, não na frente de batalha de uma guerra declarada, cara-a-cara e assumida, mas na cobardia de um café, um estádio, ou uma sala de concertos? Como protegermo-nos quando nos atacam na normalidade do nosso dia-dia, no coração das nossas vidas?
Sou ainda do tempo em que os países tinham fronteiras. Lembro-me de passar fronteiras para ir a Espanha e recordo com lamento o formalismo que essa passagem implicava pelo receio de, por algum motivo, sermos impedidos de passar. Mesmo não tendo nada a esconder, lembro-me de os meus pais nos pedirem, a mim e aos meus irmãos, para não abrirmos a boca se as autoridades nos mandassem parar.
Temo que seja esse o futuro do meu país e da minha Europa. O retrocesso aos limites fronteiriços, políticos e geográficos, o fim da livre circulação de pessoas e bens, o regresso à burocracia e ao entendimento de cada um se deve proteger dentro da sua concha.
Na sequência de tudo isto temo pelo fim da generosidade e da preocupação com o Outro, porque proteger as nossas vidas e as do que nos são próximos, defender o nosso país e a nossa cultura passam obviamente a ser uma prioridade.
Deus queira que assim não seja! Deus queira que não cheguemos a esse extremo. Os extremismos nunca se revelaram benfeitores, nunca trouxeram nada de bom ao mundo!
Estou em choque... quase apenas em choque. Custa-me muito pensar racionalmente sobre isto. Estou de tal forma que não sinto revolta nem raiva, só incredulidade e choque.
ResponderEliminarTalvez porque isto não tem nada de racional...
EliminarMatam para ter vida eterna em nome de um Deus que é cruel, custa-me a crer
ResponderEliminarKks:=>)
Em nome deles próprios, queres tu dizer.
EliminarExiste sim uma realidade insofismável: George W. Bush é lembrado como seu deflagrador, porém Carlos Martel é esquecido como seu contentor. A realidade primeira não dá para ser substituída pelas posteriores. A ânsia ideológica precisa ser peneirada dessa história. Ela não deu certo.
ResponderEliminarhttp://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/combatei-os-deus-os-castigar-por-interm-dio-de-
http://www.dreuz.info/2015/11/18/il-faut-ecouter-le-sermon-de-limam-khattabi-a-la-mosquee-de-montpellier-le-jour-des-attentats/
https://www.youtube.com/watch?v=45Fy27gpc1w