quinta-feira, julho 21, 2016

Quando a vida tem cenas que parecem tiradas de um filme!

Os meus Teens chegaram ontem de Inglaterra com um montão de histórias para contar.

Ao fim de 1hora no aeroporto à espera que saíssem do avião, posso garantir-vos que a zona das Chegadas do Aeroporto de Lisboa é um dos sítios mais comoventes e emocionantes do mundo.

Entre mulheres que esperam os maridos com tanta ansiedade que não se apercebem dos disparates dos filhos, crianças com desenhos coloridos onde se lê PAI em letras garrafais, amigos de longa data que se abraçam entre beijos e sorrisos, mães que aguardam por filhos que não veem há demasiado tempo, amores que se reencontram... You name it!

A realidade a imitar o cinema,  uma cena tirada de LOVE ACTUALLY!
O reencontro também é Limonada da Vida



sábado, julho 16, 2016

Boteco das Tertúlias #11 - Isto de ser português!

Quando era miúda havia muito a ideia de que tudo o que se fazia lá fora é que era bom. Tudo o que vinha do estrangeiro era muito à frente. Os estrangeiros eram especialistas em muitas coisas, tinham os melhores do mundo nisto e naquilo, eram competitivos e eram sempre eles os campeões.

Nós éramos apenas um Paraíso à beira mar plantado, mas que ninguém queria saber de nós para nada. Nós não contávamos para o Totoloto. Em nada. Ninguém sabia onde ficava Portgal no mapa, éramos para muitos um pedaço de Espanha. E isso sempre me indignou, pois aprendi que no tempo dos Descobrimentos fomos nós quem descobriu África, a Ásia, a América (ok a América foi a mando dos espanhóis, mas vá, tínhamos quota parte na descoberta). Nós fomos donos de metade do mundo, como era possível ninguém saber sequer onde ficava o nosso país?

Lembro-me que quando os meus pais iam viajar, a maior parte das coisas que eles me traziam, a mim ou ao meus irmãos, não haviam cá. Lembro-me de uns ténis azuis Le Coq Sportif que exibi na escola, pois ninguém tinha uns iguais. Lembro-me de um computador que trouxeram dos Estados Unidos que ensinava a ler e escrever inglês, falando connosco. Completamente inédito na altura. Neste portugalito com apenas dois canais de tv, com pouquíssimas lojas de marca, ainda demasiado marcado pela liberdade tardia e rodeado de analfabetismo.

Sinto que o meu país cresceu muito nestes últimos 30 anos. Tanto é verdade que para os meus filhos a box com 357 canais à escolha, a catrefada de shoppings com marcas de toda a forma e feito, são já um dado adquirido.  Hoje em dia qualquer produto chega a Portugal num piscar de olhos, e se não existir encomenda-se pela net e já está. Já não estamos anos à espera de um filme ou de uma série. 

Apesar de gostar de futebol desde que me lembro, nunca tive nem por sombras o orgulho de ver jogar a minha selecção como os meus filhos tiveram neste campeonato. Tirando a euforia de 2004 e da quase-vitória, não me lembro de em pequena ter sequer a esperança de ganhar fosse o que fosse. Ver o Carlos Lopes ganhar a medalha de ouro nos jogos Olímpicos Los Angeles, ou a Rosa Mota a ganhar a maratona em Seul, foram as vitória mais nobres que me lembro de ter assistido em nome de Portugal.

Hoje, e não é só pelo facto nos termos consagrado campeões da europa no passado dia 10, sente-se que apesar de sermos apenas 11 milhõezitos, somos gente de fibra, gente que acredita na superação, humildes e com os pés assentes na terra mas nem por isso com falta de ambição. Hoje sabemos que podemos ser tão bons ou melhores que os strangers em tudo. Damos cartas não só no desporto, como na ciência, no âmbito das empresas start-up, na informática. Até já temos portugueses no cinema americano. Quem será o primeiro português (a) a ganhar um óscar em Hollywood? Aceitam-se apostas!

Não é por acaso que a Nacional anda há séculos a dizer que o que é Nacional é bom!


sexta-feira, julho 15, 2016

Je ne suis pas Nice! E era isto que tinha para dizer sobre este assunto




Je ne suis pas Nice

Antes de sermos Nice, temos de ser Reyhanli, Haditha, Idlib, Mosul, Beshir, Jalula, Baquba, Tikrit, Homs, Bagdad, Aleppo, Raqqa, Samra, Ninewa, Diyala, Saladin
Texto de João André Costa • 15/07/2016 - 10:32

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"Há uns tempos comecei a compilar a seguinte lista de atentados perpetrados pelos Estado Islâmico:

- 11 de Maio de 2013, dois carros bomba explodem na cidade de Reyhanli, Turquia, causando 51 mortos e 140 feridos;
- 2 de Janeiro de 2014, um carro bomba explode em Beirute, causando 4 mortes e ferindo dezenas de pessoas;
- 23 de Fevereiro de 2014, um bombista suicida vitima 7 pessoas em Aleppo, Síria;
- 28 de Fevereiro de 2014, um bombista suicida vitima 7 pessoas em Haditha, Iraque;
- 15 de Março de 2014, o número total de vítimas do Estado Islâmico, por força da guerra e atentados, ascende a 336, às quais se juntam 1563 feridos;
- 20 de Março de 2014, um ataque levado a cabo por membros do Estado Islâmico provoca 2 mortes e 5 feridos;
- 16 de Abril de 2014, o Estado Islâmico assassina o Emir de Idlib, os seus irmãos, a mulher e os dois filhos;
- 1 de Maio de 2014, enquanto o mundo celebra o Dia do Trabalhador, o Estado Islâmico executa sete pessoas em público, algumas delas crucificadas;
- 7 de Junho de 2014, o Estado Islâmico faz reféns mais de 1300 alunos em Ramadi; - Uma bomba em Jalula provoca a morte a 18 elementos das forças curdas;
- 10 de Junho de 2014, o Estado Islâmico executa 600 prisioneiros em Mosul;
- 11 de Junho de 2014, o Estado Islâmico faz refém o Embaixador Turco juntamente com vários elementos da sua equipa;
- 12 de Junho de 2014, entre 1095 e 1700 soldados e 12 Imãs morrem às mãos das forças do Estado Islâmico entre Saladin e Mosul, Iraque;
- 13 de Junho de 2014, duas cidades na província de Diyala são capturadas pelo Estado Islâmico. Relatos falam da morte indiscriminada de soldados, polícias e civis; -
16 de Junho de 2014, o Estado Islâmico executa 28 voluntários perto de Samarra;
- 17 de Junho de 2014, 17 soldados iraquianos são mortos perto de Samarra;
- 18 de Junho de 2014, 20 civis são mortos na província de Saladin;
- 22 de Junho de 2014, o Estado Islâmico toma posse de 4 cidades na fronteira entre o Iraque e a Síria, dizimando um batalhão de soldados iraquianos e 21 líderes locais;
- 30 de Junho de 2014, 215 soldados iraquianos morrem numa tentativa de recaptura de Tikrit, caída às mãos do Estado Islâmico. De acordo com as Nações Unidas, durante o mês de Junho morreram 1531 civis e 886 soldados no Iraque, tendo sido feridas 524 pessoas;
- 7 de Julho de 2014, o Estado Islâmico rapta 11 civis da aldeia de Samra, Iraque;
- 8 de Julho de 2014, um candidato político e um juiz são raptados em Ninewa, Iraque;
- 9 de Julho de 2014, o Estado Islâmico rapta 60 soldados Iraquianos em Mosul;
- 11/12 de Julho de 2014, o Estado Islâmico executa 700 civis turcos em Beshir;
- 13 de Julho de 2014, os corpos de 12 homens executados pelo Estado Islâmico são descobertos em Baquba, Iraque;
- 16 de Julho de 2014, 42 soldados iraquianos são executados pelo Estado Islâmico a sul de Tikrit;
- 15 de Julho de 2014, nova tentativa de recaptura de Tikrit provoca a morte a 52 soldados iraquianos;
- 17 de Julho, os campos de gás de Homs, Síria, são capturados pelo Estado Islâmico. 270 soldados sírios são mortos;
- 19 de Julho de 2014, um bombista suicida em Bagdad provoca 33 mortos e 50 feridos;
- 22 de Julho de 2014, um Imã é assassinado pelo Estado Islâmico em Baquba, Iraque;
- 25 de Julho de 2014, o Estado Islâmico captura a 17a Divisão do Exército Sírio, decapitando vários soldados, cujas cabeças são expostas em Raqqa. Os corpos de 18 polícias iraquianos são descobertos a sul de Tikrit...

E parei por aqui, nauseado, como se ainda agora estivesse a meio da “Lista de Schindler“ e a menina de vermelho fosse a caminho da pira funerária.

Tantas mortes... e faltam-me as palavras para poder continuar, seja a ver o Holocausto, seja a ver o massacre mais o êxodo diário de milhões de pessoas cuja única culpa é a de viverem lá longe, no médio oriente, e não em Paris, ou Nice, cidades de tal modo perto de nós que nos é impossível não reconhecer os seus corpos mais as pessoas que um dia foram.

Não sei quem foram as (pelo menos) 84 pessoas cujas vidas pereceram ontem em Nice às mãos do Estado Islâmico. Mas enquanto não soubermos quem são todas as pessoas executadas, crucificadas, esquartejadas, violadas, raptadas, guilhotinadas, fuziladas, querem que continue, emparedadas, imoladas, apedrejadas, sufocadas, afogadas, eu sei lá, são tantos os modos e a as maneiras para nos matarem entre a Síria e o Iraque que de outro modo não nos é possível explicar o porquê da fuga de 14 milhões de pessoas mais a ignorância que todo o Ocidente lhes dedica, lá está, como se toda esta gente não fosse gente, não fossemos nós, não fosses tu e não fosse eu. Porque enquanto não soubermos todos os seus nomes vos garanto como se ontem tivemos Paris, hoje temos Nice, o qual não é senão o reflexo de um ódio que se permite, ainda hoje e desde 2013, andar à solta para que no fim tenhamos petróleo barato. Por isso não posso ser Nice. Hoje não. Porque antes de sermos Nice, temos de ser Reyhanli, Haditha, Idlib, Mosul, Beshir, Jalula, Baquba, Tikrit, Homs, Bagdad, Aleppo, Raqqa, Samra, Ninewa, Diyala, Saladin, entre tantos outros, entre tantas outras pessoas de cujas vidas nunca vamos tomar conhecimento, pelo menos até que um dia os meus amigos se lembrem de colorir os seus perfis no Facebook com as cores da bandeira da Síria ou do Iraque. Quando esse dia chegar, talvez eu acredite, talvez haja esperança. Até lá, continuaremos, hoje e sempre, a contar corpos."


E era isto que eu tinha para dizer, mas o João fê-lo melhor do que eu.

quarta-feira, julho 13, 2016

Quinze crianças tiram férias da Guerra

Desde que estou com as equipas de rua da Comunidade Vida e Paz, tenho assistido de perto às realidades dos sem-abrigo das ruas de Lisboa.

São realidades, no plural, pois cada um tem a sua história, o seu motivo para se encontrar a dormir na rua. A maior parte deles não gosta de falar nisso, e nós também não perguntamos o porquê, só nos interessa saber se querem uma oportunidade para sair dali, pois a Comunidade Vida e Paz pode ajudá-los nessa aventura.

São situações lamentáveis e que preferíamos que não existissem, mas foi esta proximidade que me permitiu perceber, mais do que nunca, que saber dar é um dom. SABER DAR não é para todos. DAR implica estar disponível, implica saber que o retorno está literalmente no bem que fazemos e na satisfação intrínseca que isso nos proporcina. DAR não implica receber algo em troca, até porque eles não têm nada para nos dar. Nada de bens materiais, entenda-se, pois eles dão-nos sorrisos, pedem-nos abraços, agradecem-nos o que estamos a fazer por eles e dizem-nos coisas como:
- tu és a minha flor,
- desejo que encontres um homem bom, tu mereces, pois fazes isto de coração.
 e isto, só isto, enche-nos a alma e a estima de uma forma indescritível.

Hoje li esta notícia no Expresso:
Quinze-criancas-tiram-ferias-da-guerra


A primeira coisa que me passou pela cabeça foi uma enorme vontade de participar neste projecto.
E depois veio-me o agradecimento ao Colégio São João de Brito e às famílias pela experiência incrível que estão a proporcionar a estes miúdos.
Um grande bem-haja a todos os que tornaram esta alegria possível.

Pode ser que um dia a minha família tenha a oportunidade e condições para o fazer.
Eu gostava, gostava muito!


terça-feira, julho 12, 2016

ACREDITAR É CONTAGIANTE

Estamos a rebentar de orgulho e não é motivo para menos!

Somos campeões europeus!

De quê? De tanta coisa: 
- José Ramalho - 6 medalhas no Europeu de Maratona de Canoagem; 
- Dulce Félix -  prata nos 10 000 metros do Campeonato da Europa de Atletismo;
- Sara Moreira -  campeã na meia-maratona do Campeonato da Europa de Atletismo (título individual);
- Jessica Augusto -  bronze na meia-maratona do Campeonato da Europa de Atletismo (título individual);
- Dulce Félix, Marisa Barros, Sara Moreira, Jessica Augusto, Vanessa Fernandes - Ouro Colectivo de equipas na meia-maratona do Campeonato da Europa de Atletismo;
- Patrícia Mamona-  campeã da Europa em triplo salto do Campeonato da Europa de Atletismo;
- Tsanko Arnaudov- bronze no lançamento do peso do Campeonato da Europa de Atletismo;
- Rui Costa-  2ºlugar na 9ª etapa da Volta à França;
- Selecção portuguesa de futebol: Campeã da Europa.




Já para não falar na Tamila Holub, a nadadora portuguesa que alcançou a medalha de ouro nos campeonatos da Europa,




no Fernando Pimenta que se sagrou campeão da Europa em canoagem,






ou na Telma Monteiro que é campeã europeia de judo pela 5ª vez!





Somos inclusivamente campeões do mundo em atletismo para atletas com Síndrome de Down.






Sabem qual é o perigo disto? É que isto inspira e move multidões!
- E isso é perigoso, Limonada?! (perguntam vocês!)
- Então não é? Leva as pessoas a acreditar que é possível, a acreditar que afinal os sonhos se realizam desde que lutemos por eles. Querem mais perigoso que isto?

Perigoso ao ponto de o meu Limoneiro ter metido na cabeça que daqui por seis meses vai correr uma Maratona (42195metros).

É que, tal como diz o slogan da Nike, "acreditar é contagiante"!