sexta-feira, fevereiro 07, 2020

Uma filha com 19 anos e outra com 19 meses


Uma tem 19 anos e a outra 19 meses.
Não se torna a repetir esta coincidência de idades. Quando a Beatriz tiver 20 anos já a Maria tem 31 meses. Aliás, a partir de certa altura chega a ser ridículo continuar a contar meses, pelo que terá simplesmente 2 anos.
Estou numa fase fantástica da minha vida. A viver coisas maravilhosas com ambas.
A Beatriz entrou este ano na faculdade de psicologia, está a tirar a carta, ontem foi ao picar o ponto e fazer figura de corpo presente no Dia da Defesa Nacional. Está a largar-me as saias aos poucos. Está sempre contra mim, apesar de continuar a pedir a minha opinião e de partilhar comigo os seus gostos. Musicais principalmente.
Já com a Maria estou na fase da descoberta diária, na fase de me chamar para tudo (mãe , mãe , mãe a toda a hora) na fase de ela nos espantar com o seu vocabulário e crescimento, Estou na fase dos projectos para a creche em materiais recicláveis, na fase do largar a chucha e a fralda, na fase do colinho para dormir e da explosão de alegria e uma recepção calorosa sempre que meto a chave à porta.
Estou tão grata à vida por me permitir viver estas duas fases tão distintas da maternidade, por absorver cada gesto destas duas criaturas que, apesar de terem idades tão dispares, projectam em mim a figura do porto de abrigo, da força, o melhor remédio para todas as maleitas, a heroína sem capa, rainha sem coroa.
Sinto-me dona de um amor reciclado, renovado em cada amanhecer e nunca desperdiçado. Dar amor, mimo e colo nunca é um desperdiço. Seja em que idade for. Quando fui mãe aos 25 não tive a noção da velocidade abismal a que tudo isto passa. Carregamos tanta incerteza e ansiedade que nos focamos mais nos medos do que nas coisas boas.
Na primeira vez, somos mais mães do será que anda a comer o suficiente?, será que a posso levar à rua?, será que não vai ficar doente? E quando damos por isso está a gatinhar, a andar, a entrar para a escola, a sair com os amigos e a viajar sozinha. E a infância foi-se.
Agora que fui mãe aos 42, já estava preparada para sugar ao máximo a Maria Limão e tento fazê-lo mais e mais todos os dias. Quero apertá-la ainda mais, dar-lhe ainda mais colo, chegar a casa mais cedo, sentar-me mais vezes no chão, estar cada dia mais disponível.
Quero Mais, para ambas!
É que parecendo que não, estas idades passam e não voltam mais.






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