A propósito do recentemente divulgado estudo sobre o ranking das escolas em Portugal, surgem mais uma vez os comentários de que os rankings valem o que valem quando as condições dos miúdos não são as mesmas, quando o ambiente familiar não ajuda, quando a fome muitas vezes atrapalha a concentração. O que é certamente válido, todavia há outros factores a ter em consideração.
No meu caso, tenho dois filhos completamente diferentes, apesar de no mesmo contexto familiar e com as mesmas condições.
Uma no colégio privado, o outro numa escola pública. Uma estuda afincadamente e é aluna de quadro de honra desde o 4º ano, não porque a isso seja obrigada/incentivada, mas porque tem orgulho nisso.
O outro detesta estudar e só o faz por obrigação. Estuda o mínimo possível, o suficiente para passar. Apesar de ter andado no mesmo colégio da irmã, optou por ir para a escola pública por ser menos exigente do que o colégio.
As oportunidades de um foram as mesmas do outro. Uma está a aproveitá-las, o outro escolheu o caminho aparentemente mais fácil.
DIFERENÇAS ENSINO PÚBLICO E ENSINO PRIVADO:
O Timteen transitou para uma escola pública no 7º ano e desde aí deixou de ter TPC´s. Não tendo tpc´s perdeu o hábito de estudar todos os dias, como fazia no colégio. Só estuda quando há testes, e mesmo assim arrancado a ferros... A minha Smartieteen anda no 11º ano de um colégio privado e todos os dias (repito, todos os dias) tem TPC´s da maioria das disciplinas daquele dia.
Os testes do meu filho na escola pública são muitas vezes de cruzinhas. Nos testes da minha filha no colégio são exigidas composições que mais parecem teses de mestrado.
Na escola pública quando um professor falta, mandam o meu filho para casa. No colégio da minha filha arranjam professor de substituição na hora. Não há cá furos, nem baldas.
Na escola do meu filho as greves são frequentes (os professores, os auxiliares,etc). No colégio da minha filha, não há greves.
A minha filha tem um ritmo de trabalho alucinante. Para além dos tpc´s e dos testes em catadupa, os trabalhos de grupo e apresentações orais de 50 minutos são uma constante. O meu filho raramente tem trabalhos para apresentar.
CONCLUSÃO:
O ranking, na minha opinião, é igualmente revelador destas diferenças de ensino, e não apenas das diferentes realidades sociais.
Aliás, na escola pública não há só meninos com carências e problemas familiares. Pelo contrário, cada vez mais há "meninos de bem" que no secundário pedem transferência de colégios privados para escolas públicas simplesmente para subirem as médias de acesso à faculdade. Segundo dizem, porque esses três anos se fazem "com uma perna às costas" na escola pública.
Há diferenças estruturais entre um tipo de ensino e o outro, e consequentemente o rendimento e a aprendizagem não podem ser os mesmos.
Qual dos meus filhos irá alcançar maior sucesso profissional, não sei. Acredito que o Timteen, que estuda no ensino público, vá mais preparado para o mundo real, uma vez que lida com miúdos de todos os estratos sociais, com realidades bem diferentes da sua, problemas com os quais nem sonharia se não tivesse esses colegas como amigos. É um miúdo desorganizado e "deixa-andar", mas desenrascado em situações novas.
Já a Smartieteen a frequentar o colégio privado (católico) vai com certeza melhor preparada para a vida académica, mas está a crescer numa redoma de vidro. É extremamente focada e responsável, mas mais atrapalhada em situações que obriguem ao desenrasque.
Talvez isso sim faça toda a diferença no futuro. Ou talvez não. No meio de tudo isto não podemos esquecer que cada criança tem as suas idiossincracias, cada um é como cada qual, independentemente da educação, seja ela a de casa ou a da escola que a criança frequentou. As generalizações são sempre arriscadas e talvez por isso esta história dos rankings nacionais nunca venha a ser consensual.
De facto, não é consensual. A minha perspectiva é muito diferente da tua. Logo te mostro lá no blog ;) bj
ResponderEliminarQuero ler isso! ;-) bjs
EliminarConcordo com o seu texto, tbm eu tenho um filho a estudar num Colégio privado e vejo claramente as diferenças de ensino com o público! Às vezes até digo que todas as crianças deveriam ter acesso a este tipo de ensino! Tal como no norte da Europa em que o ensino público é tão bom ou melhor do que o nosso privado, aliás é para isso q servem os impostos, para pagar um ensino de qualidade! Portugal não quer saber das suas pessoas.
ResponderEliminarEu não sei de quem é a culpa. Se a culpa é dos profissionais dessas escolas que não estão para se chatear, se é da falta de meios e condições de trabalho (culpa do estado), mas a verdade é que as diferenças são claras.
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