Desde catraia, que tenho dificuldade em aceitar a
submissão: imposições, ditaduras, religiões extremistas e toda e qualquer forma
de obrigar o outro a fazer as coisas à nossa maneira. Acho que
é preciso uma enorme lata e uma grande dose de arrogância para esse tipo de
atitudes. Com a idade, acabei por ganhar um ódio feroz a personagens tipo Adolf Hitler e
Jorge Nuno Pinto da Costa. Vá-se lá saber porquê!
Esta quase-guerra ali para os lados da Península da Crimeia, tem-me dado alguma comichão.
Eu que não ligo nada a politiquices e até
há bem pouco tempo não fazia ideia onde era o Mar de Azov (obrigada filha por aquela tarde em que me pediste para estudar Geografia contigo), vi-me decidida a
querer pôr termo a todo este frenesim!
Vamos
saltar 69 anos de regime comunista, 45 anos de Guerra Fria, e partir do princípio que tudo isto começa com os
protestos Euromaidan na Ucrânia em que uns são pró-europa e os outros pró-rússia,
certo?
Temos a Federação Russa e a Ucrânia em dependência mútua desde a crise
do gás natural. Temos a Frota do Mar Negro abrigada na Crimeia, que tanto jeito
dá aos russos. Temos balbúrdia política entre os dois Viktor, o Yanukovych e o
Yushchenko, por eleições alegadamente manipuladas, corrupção e essa cangalhada
toda. E agora temos uma grande parte da população da Crimeia a querer deixar de
ser uma “província” da Ucrânia, para passar a pertencer à Federação Russa. O
que é que isto tem de complicado? Eh pá, nada! É deixá-los!
-“Ah, e tal o referendo é ilegal!”
Não foi via referendo que a Ucrânia passou a ser independente? Se o pessoal da
Crimeia quer ser Russo, quem são os ucranianos para o impedir?
A Ucrânia é ainda muito jovem na sua
independência e igualmente demasiado dividida pelas suas diferentes religiões,
etnias e culturas. Não precisa que ainda venha o Putin, o Obama, mais a União Europeia e o Banco
Mundial, e os “raio-que-os-parta-a-todos”, arrotar postas de pescada.
Façam lá o referendo, deixem a população da Crimeia (Crimeanos, será?) decidir o seu futuro, os ucranianos pró-europa que se mudem de malas e bagagens para um
qualquer país mais a Ocidente, os pró-russia que voltem prós braços do Putin, os
que estavam a encher os bolsos à conta da venda de aço para a China que continuem
a contribuir para o crescimento do PIB ao ritmo vertiginoso de dois dígitos por
ano, e os que se estão a borrifar para essa treta toda e apenas querem
continuar com as suas vidinhas que se deixem de manifestações, e tiros, e
barricadas e o diabo a sete, que o Carnaval já acabou!
Quem avisa, amigo é! Olhem que ainda estala
o verniz a alguém e daqui por uns meses temos o Rambo V em estreia nas salas de
cinema, com Sylvester Stallone, no esplendor dos seus 67 anos, a defender os
coitadinhos dos ucranianos das garras do malvado Putin. E não havia
necessidade....