Recentemente o site Maria Capaz, plataforma de discussão dos direitos da mulher e da condição feminina, convidou os seus leitores a participar num concurso de trabalho gráfico para a construção do símbolo do Maria Capaz, tal como já lançaram dezenas de outros desafios. Convidaram-me para escrever, e eu aceitei o desafio sem nada receber.
Participa quem quer. O retorno está obviamente no impacto que terá para um designer gráfico (provavelmente até em início de carreira ou desempregado) ganhar um concurso destes, e a "remuneração" está na divulgação do seu trabalho. Até aí, por mim, tudo ok.
O grande erro do Maria Capaz é vir agora dizer que afinal o trabalho era para ser remunerado. Isso é que é um grande tiro no pé. Não aguentaram a pressão, foram invadidas com argumentos de falta de respeito pelo trabalho dos outros, de exploração de recursos, o diabo a sete, e recuaram.
Isso é que eu não vos perdoo, Maria Capazes. Era assumir até ao fim, era manterem-se fiéis ao projecto que tanta gente admira, e no qual tive o orgulho de participar. Quem gosta gosta, quem não gosta põe na borda do prato.
Vão acabar por "desenvolver o projecto internamente e sem a interacção da comunidade". E quem é que ganha com isto? Ninguém! A interacção de conhecimentos e a partilha de sinergias potenciam projectos, são dos maiores trunfos para uma ideia ser bem sucedida. Já para não falar que a entre-ajuda é uma coisa tão bonita de se ver.
Penso que as pessoas se revoltaram contra a proposta porque infelizmente, é muito habitual haver pedidos aos designers gráficos de trabalho não remunerado. É comum haver meses de trabalho à experiência não pago, é comum haver trabalhos a concurso, é comum ouvir "recebes se o cliente adjudicar", etc. Isso foi acontecendo demasiadas vezes na nossa área e de repente transformou-se em prática, agora chegou a um ponto em que os designers começaram a repelar estes anúncios e a lutar fortemente pelo seu direito de trabalhar e receber. À parte de tudo isto, claro que a Maria Capaz é livre de publicar uma proposta desse género e quem quer é livre de concorrer. O que acho feio é darem o dito por não dito, apagarem o post original e no fim de tudo dizerem que afinal vão fazer o trabalho internamente, como se fosse uma espécie de retaliação. Fica tão mal.
ResponderEliminarExacto, o mal foi não se manterem coerentes do princípio ao fim, e não assumirem, neste caso, que a plataforma trabalha no formato de "voluntariado". Direito a receber todos têm. Eu também já escrevi para supostamente ser paga, disseram-me o que queriam, fiz o que queriam e no fim não recebi porque afinal decidiram não usar o que me tinham pedido para fazer. Isso é que é injusto! Tive trabalho pensando que ia receber e no fim não vi nada. O que se passa no Maria Capaz não é o mesmo, à partida a pessoa sabe que colabora sem receber, e fá-lo sabendo que não vai receber. Faz porque quer, por divulgação do seu trabalho, por outro tipo de contrapartidas.
EliminarGostava de ler o que escreveste na Maria Capaz mas não sei qual é o artigo =)
EliminarEstá aqui :-) http://alimonadadavida.blogspot.pt/2015/04/maria-capaz-para-o-futuro.html
EliminarBastava que tivessem ouvido o feedback numa área já muito maltratada e dissessem que iam arranjar patrocinios para a coisa (uma hipótese que acho que se chegou mesmo a levantar). Mas ao voltarem completamente atrás geriram muito mal a situação.
ResponderEliminarNinguém ganha com isso...
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