terça-feira, março 08, 2016

Gosto da minha Lisboa assim!




Várias foram as tardes que passei pelas ruas de Lisboa e me angustiava o seu abandono. Passeios sem rumo, sem destino e sem nada para fazer. Um bêbado aqui, um pedinte acolá. Ruas sem azáfama, lojas fechadas. O passeio preferido dos lisboetas era o shopping. O pequeno comércio no centro de Lisboa corria sérios riscos de fechar portas de vez. O Rossio ao Deus Dará.

Quando viajava e conhecia outras capitais europeias, ao verificar as ruas movimentadas, alegres, cidades cosmopolitas e com vida, lembro-me de pensar  "mas por que razão é que a minha Lisboa é tão triste, tão solitária? Por que razão é que, tirando o Algarve, ninguém nos visita? Temos história, cultura, gastronomia, um clima excelente, somos um povo hospitaleiro, uma situação política estável, temos preços relativamente baratos em comparação com o nível de vida no resto da Europa, o que nos falta?"

Faltava o mundo descobrir-nos. O que é que as Ramblas de Barcelona têm mais do que a nossa Avenida de Liberdade? Gente, muita gente a circular! As cidades são movimento, são as pessoas que as habitam e quem as visita. 

De há uns anos para cá, Lisboa está a dar que falar nas bocas do mundo e já anda a dar cartas no que ao turismo diz respeito. Hoje em dia, Lisboa tem vida e convida ao passeio e à descoberta. 

O Terreiro do Paço já não é aquele antro de pasmaceira, morada de antigos ministérios. O Terreiro do Paço está cheio de gente, o comércio está aberto, há artistas de rua a ganharem o seu ganha-pão enquanto animam as ruas, e gente, muita gente! Há cruzeiros a chegar, Tuks Tuks a circular, cafés cheios, esplanadas repletas de livros, iphones e selfies porque os dias de sol nos deslumbram. Há filas na entrada para os museus e igrejas onde antigamente ninguém ia, portugueses e estrangeiros de mochila às costas e câmara fotográfica na mão. Há gente que quer saber mais sobre os recantos desta cidade, que procura terraços e varandas de onde fotografar o Tejo.

Gosto da minha cidade assim: Uma cidade fotografada, visitada, partilhada, que respira, que tem um ritmo cardíaco. A minha cidade não é mais uma cidade-fantasma, onde os passeios de fim-de-semana se limitavam a restaurantes e shoppings. A energia vibrante que encontrei em Madrid ou Barcelona, em Londres ou Paris, e que tanto me desgostava não encontrar na minha cidade, finalmente sinto-a em Lisboa.

Gosto que os estrangeiros comprem imitações da Torre de Belém e dos Mosteiros dos Jerónimos, assim como eu comprei uma Torre Eiffel quando fui a Paris, uma Estátua da Liberdade quando estive em Nova York, ou um Big Ben quando passei por Londres.

Gosto que os estrangeiros circulem pelas nossas ruas de Tuk tuk. Quem já esteve na Tailândia e descobriu Bangkok pelas mãos de um Tuk Tuk sabe do que estou a falar. 


O Jamaica, o Tokyo e o Europa vão fechar no dia 14 de Abril! E então? 








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Diz o que te vai na alma