quinta-feira, junho 16, 2016

Boteco das Tertúlias - #10 - Profissões

Este mês debate-se o tema PROFISSÕES no nosso Boteco das Tertúlias.


Aquilo que fazemos não nos define como pessoa. Ou será que sim?

A verdade é que o curso que escolhemos será, em princípio, aquilo que vamos fazer para o resto da nossa vida. E aquilo que fazemos todos os dias para o resto da nossa vida, mesmo que não espelhe na íntegra aquilo que somos, define uma grande parte de nós.

Parece-me que tudo começa muito cedo, demasiado cedo! Com 15 anos uma pessoa sabe lá o que quer da vida!!

Quando no Secundário tive de escolher a área que queria seguir, alguns dos meus colegas já sabiam que queriam ser engenheiros, arquitectos, advogados, etc. Eu não queria ser nada em especial e isso dificultou-me imenso a escolha.

Queria ser Educadora de Infância, porque adorava crianças, mas tinha de levar com a Matemática, disciplina na qual eu não era lá grande barra, pelo que anulei a escolha de imediato.

Acabei por escolher Humanidades e quando chegou a hora de entrar para a faculdade segui Línguas e Literaturas Modernas. Sempre adorei ler e escrever, mas daí a fazer disso uma profissão vai um grande salto. Sempre tive dificuldade em achar que "ser escritor" fosse uma profissão que metesse pão na mesa. Assim sendo, pensei nas traduções ou em ser guia-intérprete, qualquer coisa que tivesse a ver com escrita e/ou com línguas.

Acabei o curso, mas não me dediquei a nada com ele relacionado. A família tinha um negócio e o pai precisava de ajuda. Dei por mim envolvida nas burocracias da papelada do sector imobiliário até à ponta dos cabelos: recibos, facturas, procurações, contratos, escrituras... Os anos foram passando e eu fui ficando, na expectativa de um dia encontrar algo que me preenchesse, algo de que eu efectivamente gostasse...

Hoje, sou responsável pelo Customer Service de um grupo hoteleiro. Livrei-me das papeladas repetitivas e estou contente com este novo projecto de contacto directo com os clientes. Gosto de me esforçar para atingir a satisfação dos clientes, e que eles tenham o desejo de voltar. É um trabalho de equipa muito gratificante sempre que atingimos os objectivos. Nem sempre é fácil, mas dá uma pica desgraçada e todos os dias são diferentes. Ganho literalmente o dia sempre que um cliente nos deixa um postal no quarto, ou nos manda um mail ou um comentário no Tripadvisor agradecendo tudo o que fizémos por ele e pela sua família durante a sua estadia. Isso são dias felizes! Os profissionais pelo menos.

Já escrevi uns textos para a Revista F Magazine (já falado aqui no blog) e já fiz umas traduções para a Netflix, mas relacionado com o curso que tirei, pouco mais fiz do que isso.


Este ano é a vez da minha Smartieteen fazer a sua escolha de área para o Secundário. Espero que no futuro tenha a sorte de encontrar uma profissão não qual ela se reveja, e que a preencha diariamente.

De juíza a psicóloga, de jornalista a professora, passando pela advocacia ou pelo Turismo, por mim qualquer coisa serve desde que a faça feliz. Talvez porque o modo como eu me vejo e como me sinto não se revê totalmente naquilo que faço.

Se tivesse de fazer agora a escolha que fiz com 15 anos, teria escolhido algo relacionado com Viagens ou com Crianças, ou com voluntariado e solidariedade social. Se soubesse o que sei hoje, teria escolhido outro caminho que não o do negócio de família. Teria seguido o meu próprio caminho. 

Este é o único conselho que posso dar à minha Smartieteen.
Segue o teu próprio caminho, não te preocupes com o fazer o que está certo, com o que fica bonito, não tentes agradar aos teus pais, é a tua vida que tens de viver.





O Boteco das Tertúlias é uma colaboração com os blogues Contador de EstoriasLifes TexturesEspresso and Stroopwafel, e  Anas há Muitas.
Vão lá espreitar o Tema PROFISSÕES nos seus blogues.

6 comentários:

  1. Essa escolha do que fazer "para o resto da vida" é tão complicado e também acho que é demasiado cedo. Ainda hoje não sei o que quero fazer para o resto da vida... Beijinho

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    1. Nem tu nem eu... ainda consigo descobrir coisas que me apetece explorar, mas daí a fazê-las para o resto da vida. :-) beijinho

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  2. Bons conselhos, sorte a deles de ter a mãe que têm.
    E que sorte tem a mãe por ter um trabalho que a motiva, dá pica e realiza :-)
    Beijinho,
    Ana

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    1. Mais do que tudo devemos estar contentes por termos trabalho, mas é muito importante fazermos algo que nos motive!
      Obrigada, Ana.
      Beijos

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  3. "Aquilo que fazemos não nos define como pessoa. Ou será que sim?" Uma pergunta muito interessante que me andou muito pela cabeça quando estive à procura de trabalho aqui na Holanda. Passar de ter um trabalho interessante para estar sem trabalho, é uma reviravolta total na percepção do mundo à nossa volta daquilo que somos. Eu acho que o nosso trabalho não nos deve definir. É uma parte da nossa vida que que contribui para o que somos, mas não a sua totalidade!

    E muitas felicidades para a tua teen! são anos importantes...concordo contigo: acho que é tão cedo para decidir.

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    1. Agradeço em nome dela!
      Sim, concordo contigo, Não nos define na sua totalidade, é apenas uma parte de nós, mas uma parte muito importante, É onde passamos pelo menos 8 horas do nosso dia.

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