São 10.21 de uma manhã de Domingo.
Dormem todos ainda, excepto eu e a Maria.
Após 3 meses, esta piolha continua a acordar para comer de 2 em 2horas ou de 3 em 3. No máximo faz 3horas e meia quando lhe dou biberão após a mama, mas nem sempre o aceita e nem sempre funciona.
É a parte que me custa mais, esta privação de sono. Fiz um esforço hercúleo para evitar dar-lhe de biberão, mas teve de ser. Só com mama isto não ia lá e eu estava a ficar de rastos.
Nestes últimos dois dias o cansaço era tal que tinha sono o dia inteiro, em qualquer lugar, e não conseguindo dormir chegaram as tonturas, a falta de forças....
Ao ver-me neste estado, o Limoneiro ofereceu-se para ficar com ela durante a noite para eu descansar. Nesse cenário, seria uma noite de biberons. Eles no quarto, eu na sala. Custou-me a aceitar. A primeira reacção é de pensar "eu sou a mãe, tenho de me aguentar". E começaram as dúvidas e incertezas e inseguranças.
- Nunca ninguém tratou dela durante a noite a não ser eu. Há sempre uma primeira vez!
- E se o peito inchar e encaroçar? Se precisares de esvaziar o peito, a Maria está a um Hall de entrada de distância. Aproveita, mulher!
A ponderação falou mais alto. É com o pai que ela fica, não com um estranho.
-
Não lhe vou dar mama uma noite em 3 meses de existência, e qual é o drama?
E assim foi. Às 1.30h da manhã ainda fui eu a amamentar, a partir daí ela ia ficar por conta do pai e talvez a noite fosse mais descansada para todos. Até para ela! Estávamos crentes que com biberão, em que ela pudesse comer o que quisesse, a noite fosse mais sossegada.
Eu acabei por descansar entre as 2 da manha e as 6.38h, hora em que despertei, olhei para o relógio e pensei, mas ela ainda não acordou para comer? Segundos depois recordei-me que ela não estava ao meu encargo.
Para eles foi biberão ás 3.30h e às 5.30h. Às 7.30 sinto o pai a ir á cozinha. Precisava de esterilizar biberons, pois ela já estava a ficar agitada outra vez, com ar de quem já comia novamente. Não esperei pelo biberão, dei-lhe de mamar às 7.30h e às 9.15h da manhã. Tentei adormecê-la novamente, afinal é domingo e se pudessemos dormir até ao meio-dia era um espectáculo, mas já não consegui.
Dei graças ao Limoneiro pelas 4horas e meia seguidas que consegui dormir. De facto, não estava em condições para cuidar dela, e aceitar esta troca de turnos foi o melhor que fiz. A Maria sobreviveu bem sem a mãe. O pai foi cinco, seis, sete estrelas! Só não o fazemos mais vezes porque o pai está a trabalhar, eu ainda estou a gozar a licença de maternidade.
E ao fim de três meses ainda é assim que estamos: noites calmas, sem fitas, nem choros, nem berrarias, mas com
muitos muitos despertares para comer.
Ai, Maria!