terça-feira, outubro 22, 2019

Momentos que nos marcam para sempre

Longe vão as noites em que ambas estávamos acordadas de duas em duas horas, enquanto o pai e os manos dormiam profundamente. Nessas noites o meu instinto de lhe dar de mamar era automático, pois tudo o que eu queria era que ela voltasse a dormir. E chegámos a adormecer as duas naquela posição de amamentar.
Agora, tirando quando está doente, as noites têm sido relativamente tranquilas. Dou-lhe o biberon antes de me deitar e depois levanto-me uma /duas vezes a meio da noite quando ela tem o sono mais agitado para a cobrir com o edredon, porque o rebuliço é tal que se não fossem as minhas longas e dolorosas deslocações entre o meu quarto e o dela, ela passava a noite destapada.
Quando não acorda ou não se mexe como habitualmente, sou eu que lá vou espreitar se está tudo bem (silly me).
Talvez por ser sempre esta figura que está presente todas as noites desde que lhe dei vida, é o meu nome que ela repete o dia inteiro. Dia ou noite. E seja a que hora for eu estou lá.
É mãe que ela diz repetidamente assim que acorda pela manhã e que só se cala quando eu entro no quarto.
É mãe que ela chama para pedir colo quando se magoa.
É mãe que ela repete para pedir "titinho" quando lhe dá a fome de madrugada.
É a mãe que ela procura pela casa toda, quando eu ando nas minhas lides e de repente lhe bate a saudade, no intervalo dos desenhos animados.
Anda sempre à minha volta, e por isso não é difícil apanhá-la a "arrumar" a despensa, a tirar a roupa do cesto e a colocar na máquina de lavar com muito jeitinho, ou até entretida a brincar com a esfregona.
Ultimamente, quando se deita não é nenhum dos peluches que tem ao fundo da cama que ela quer para aquele aconchego de adormecer. É a mão da mãe.
- queres a coelha bailarina?
- mãe
- queres o piglet?
- mãe
- queres a ovelha?
- mãe.
- ok, queres a mãe. Então deita-te que eu dou-te a mão e fico aqui até adormeceres.
Quando começo a ficar com o braço dormente tento esgueirar-me, mas ela aperta ainda mais a minha mão e não me deixa ir. E repete, a mãaaaae!
Quando finalmente adormece e me liberto, dou-lhe um beijo de boa noite e penso que, apesar de há muito eu não ter uma noite de dormir 8 horas seguidas, esta ligação é fundamental. Para ela e para mim. Estes momentos ninguém nos tira, e são estes momentos que nos marcam para sempre.
Penso que tê-la foi uma das melhores decisões da minha vida. Penso na alegria que ela trouxe a todos nesta casa. Penso no milagre da natureza e na sorte de ela ter vindo assim saudável e perfeita. Penso na magia que ela trouxe à minha vida e que nem nos meus melhores sonhos eu imaginava voltar a ter um amor assim.
Amor de Mãe.




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Diz o que te vai na alma