sexta-feira, setembro 12, 2014

O novo disco dos U2 é mais vinho tinto, da casa...

A minha mãe sempre me ensinou que "a cavalo dado não se olha o dente".  Ditam as regras da boa educação que quando nos oferecem algo que nós não gostamos lá muito, devemos ser "simpáticos" e agradecer na mesma. Devemos esforçar-nos para fazer aquele sorriso pepsodent, disfarçar um ar enjoado no qual franzimos o nariz, e no final dizer obrigada com alguma convicção.

E é isso que eu tenho a dizer aos U2 neste momento: "Obrigadinho".

No início, na expectativa de mais um grande álbum e ainda por cima de borla, pensei, "estes gajos são mesmo uns porreiraços, e já não precisam das receitas destas cenas para nada". Um dia também gostava de ser milionária, para poder fazer destas benfeitorias.

Mas depois, o facto de o álbum estar disponível no Itunes inteirinho (e não apenas uma música como da outra vez), fez-me pensar que quando a esmola é grande o pobre desconfia.  Sem dúvida que cada vez mais o cachet de uma banda/um músico está nos concertos e não na venda de CD´s, e que esta "borla" não é mais do que um cartão de visita para uma nova digressão.

Por se tratar da digníssima banda que é descarreguei o dito cujo. Eh pá, mas o novo álbum é sensaborão. Não há uma única música daquelas que entra no ouvido à primeira tentativa. Não há nenhum shot que nos deixe logo abananados. Este disco é mais tipo vinho tinto. Vai-se saboreando e retirando um prazer lento e arrastado. Sem dúvida, a banda está mais madura, mas confesso que já ouvi o álbum três vezes e só agora é que algumas das músicas me estão a bater ("This is where you can reach me", "Raised by Wolves" e vá lá o "Cedarwood Road"). "The Miracle (of Joey Ramone)" até começa bem, mas depois o refrão não tem o impacto que se esperava ...
O resto faz-me lembrar uma banda que está a começar agora, daquelas que no álbum de estreia nós até reconhecemos que tem um bom som, mas que ainda não chegou lá e por isso ficamos a desejar o próximo.

Ok, agora vêm os fãs fervorosos, os verdadeiros aficcionados e mais os "internet haters" deste mundo (daqueles que são capazes de inventar argumentos para criticar um simples tapete vermelho) perguntar "e o que percebes tu de música? A quantos concertos é que foste? Acompanhas a carreira da banda desde quando?"  Calma people, eu estou do vosso lado, apenas me está a custar digerir estas Songs of Innocence, da mesma forma que nos meus tempos de faculdade tateava o William Blake sem saber como o mastigar! Mas eu chego lá, prometo.

Cheira-me que esta parceria Apple/U2 foi um tiro no pé, até porque já li algures (na BLITZ creio eu) que o download está a ser ultrapassado pelo streaming a passos largos, mas logo veremos... Por falar em tiros, ia pedir que enviassem urgentemente o colectivo de juízes do caso "sucateiro" para a Austrália com o objectivo de ajudar no caso Pistorius, mas parece que já não fui a tempo...










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