A Nelson Mandela birmanesa:
Aung San Suu Kyi, líder da oposição à ditadura birmanesa venceu no domingo, dia 9 deste mês, as primeiras eleições livres de Myanmar.
Já não é a primeira vez que a Prémio Nobel da Paz (1991), filha do herói nacional da independência da Birmânia assassinado pelos seus rivais, vence eleições.
Em 1990, enquanto Líder do Partido Liga Nacional pela Democracia, venceu as eleições que fariam dela a primeira-ministra do país. No entanto, os militares em vez de reconhecerem os resultados, mantiveram-na em prisão domiciliária durante 15 anos, passando a prisão efectiva em Maio de 2009, tendo sido libertada apenas em 2010.
Desta feita os resultados foram assumidos. No entanto, ainda é cedo para os birmaneses respirarem de alívio. As limitações impostas pela constituição de 2008 garantem um papel decisivo dos militares nos destinos do país, uma vez que continuam a ter 25% dos lugares do Parlamento e três das pastas mais decisivas do Governo. Para além disso, a Constituição impede-a de ser candidata a presidente uma vez que foi casada com um estrangeiro, e que os seus filhos têm nacionalidade estrangeira.
Será possível alterar a constituição? Irá Suu Kyi conseguir "conviver" com os militares? Ainda há muito para clarificar.
Ainda é cedo para gritar liberdade, ainda é cedo para gritar democracia, mas o percurso desta mulher, a elegância da sua inconformidade não-violenta, a persistência na luta pelos seus ideais que são coincidentes com os do seu povo, fazem dela uma Nelson Mandela birmanesa, uma heroína da actualidade, um exemplo de paz e perseverança.
O Mundo precisa de pessoas assim.