A minha Smartieteen é uma miúda de muito trabalho, responsável, estudiosa, aluna de Quadro de Honra há 5 anos consecutivos. Nunca precisei de a mandar estudar.
De há uns tempos para cá anda com algumas dificuldades a história. No último teste teve qualquer coisa como um 57% , o que lhe valeu um 3 no final do 1º período.
A Smartieteen ficou tristíssima e desolada: "Como é que eu vou chegar ao quadro de honra este ano? Passei mais de uma semana a preparar-me para este teste. Não fiz mais nada no fim-de-semana anterior do que estudar para este teste, não sei mais o que fazer. Sabia aquilo tudo de cor e salteado, escrevi tudo o que sabia e mesmo assim a professora avaliou incompleto em quase todas as perguntas. Não sei o que ela quer mais!"
Antes que a miúda entrasse em parafuso, respondi-lhe:
- "Olha minha menina, em primeiro lugar estou-me a borrifar para o quadro de honra! Isso mesmo! foi isso que tu ouviste! Se é para ficares nesse estado, não quero saber do quadro de honra para nada. O Quadro de Honra é um prémio para te trazer alegrias e te lembrar do teu mérito, não é para ser uma meta a atingir à lei da bala e à custa de muito sacrifício, sangue, suor e lágrimas.
Segundo, não quero que continues a estudar que nem uma maluca. Tu tens vida sabias? Tens 15 anos! Há vida para além da escola! Aos fins-de-semana é para teres tempo para a família, para os amigos, para ir a um concerto ou ao cinema. Não te quero fechada no quarto a estudar o fds inteiro. Estamos entendidas?
Terceiro, não é o "empinar" a matéria, depositá-la no teste e esquecê-la no dia seguinte que vai fazer de ti uma mulher culta e inteligente. Quero que percebas aquilo que estás a estudar. Quero que entendas de que forma aquilo que se passou na história da humanidade foi pertinente para aquilo que estamos a viver hoje em dia. Quero que chegues à conclusão que é fundamental reconhecer os erros que se cometeram no passado para que nunca mais os possamos repetir. Quero fundamentalmente que entendas de que forma é que aquilo estás a aprender na escola contribui para a tua felicidade. Quero que a matéria fique como cultura geral, que te estruture e te prepare para o futuro.
Quarto, as perguntas estão lá para tu responderes ao que te é perguntado e não para debitares tudo o que decoraste, respondendo a três perguntas de uma só vez. Está a ser avaliada pela tua interpretação das perguntas, compreensão da matéria e capacidade de síntese nas respostas.
O segredo não está em passar ainda mais tempo a estudar, mas em mudar a tua forma de estudar. Queres experimentar?"
Estudámos juntas para o teste seguinte: Pós 1ª Guerra Mundial, Revolução Russa, Comunismo, Anos 20 nos EUA. Matéria engraçada e com tanto para aprender, não "decorar", aprender, compreender, tirar ilacções, tanto terreno para desbravar, tanto para falar...
A Smartieteen mandou-me esta manhã uma mensagem cheia de smiles e pontos de exclamação dizendo que teve 80% no teste de história.
Fiquei feliz não propriamente pela nota, mas por ela ter finalmente chegado à conclusão que a disciplina de história não é uma seca nem um bicho de sete cabeças.
Fiquei orgulhosa dela, e de mim confesso. Não devemos carregar nos filhos o peso, o drama de terem de ser os melhores, de atingirem objectivos seja de que forma e por que meios for. Felizmente, nunca precisei de o fazer, pois a minha Smartieteen tem responsabilidade, preciosismo e perfeccionismo que chegue, de sobra e que transborda! Pelo contrário, no meu papel de mãe descobri que por vezes também é preciso desdramatizar e ensiná-los a encontrar outros caminhos.
Orgulho de a ter feito entender que há valores mais altos do que os resultados escolares: a sua sanidade mental e a sua felicidade!
Bolas, devia ter ido para professora! É isto que os professores fazem, não é?