A alegria da família e dos amigos, as palavras de incentivo e os parabéns por esta nossa aventura continuam desde que anunciámos a gravidez. Tenho pessoas que nunca conheci a oferecerem-me carinho e votos de felicidade, e isso é tão bonito. Sentimo-nos rodeados de amizade e muito bem-querer. Obrigada por isso.
Tenho ouvido insistentemente que sou uma corajosa em avançar conscientemente para uma gravidez aos 42 anos. Mas confesso-vos que estou morta de medo. Cada semana que passa é simultaneamente uma vitória e uma nova angústia. A gravidez conta-se às semanas e cada uma é um novo ciclo, um novo desenvolvimento no bebé e uma alteração no meu corpo. Mas, cada semana que passa é também um novo receio. Visto que passei por um aborto recente às 5 semanas, passar essa barreira nesta gravidez foi uma alegria.
Mas depois ouvimos testemunhos de que até às 12 semanas continua a haver alto risco de aborto, ainda para mais nesta idade. Com medo de o perder parei tudo: ginásio, corridas, massagens, a Volta pelas pessoas sem-abrigo. Abrandei o ritmo e foquei-me nesta gravidez que é neste momento a minha prioridade. Foi um alívio conseguir chegar às 12 semanas.
Passada mais esta fronteira e já a caminho das 13 é a angústia das trissomias e das deficiências. Felizmente existem exames específicos a fazer nesta fase para os detectar, e a amniocentese já faz parte do passado. Hoje em dia existem exames não-invasivos e sem qualquer risco para o bebé. São meras análises de sangue. Mas enquanto se faz e não faz, enquanto o resultado chega e não chega, ficam os "ses". - e se? e se acontecer comigo? e se eu passar a fazer parte das estatísticas? É esta a fase em que me encontro. Com vontade de acreditar, mas com muito medo que algo não corra pelo melhor. Para além disso, detectaram-me problemas da tiróide, que eu desconhecia ter. Pode inclusivamente ter sido despoletado pela gravidez e voltar ao normal quando o bebé nascer, mas para já está cá e há que resolver. Mais uma preocupação.
Já sei que a ecografia morfológica das 16 semanas também é importantíssima, e que em princípio a partir daí já não há grandes receios quanto ao desenvolvimento do bebé. Mas depois disso vêm outras preocupações. Como o parto, por exemplo. Normal ou de cesariana, com epidural ou sem epidural, no público ou no privado? E assim sucessivamente.
Quando ele/a nascer os receios serão outros: se come o suficiente, se cresce dentro do percentil, se faz cocó todos os dias, se tem o nariz entupido ou o rabinho assado, etc, etc, etc.
E os dramas vão continuar, eu sei. Tenho a Smartieteen e o Timteen com 16 e 17 anos, respectivamente, a provarem-me que nunca mais na vida uma mãe e um pai têm sossego. Já estão crescidos, mas continuam a ser uma preocupação. Faz parte, bem sei. Faz parte do "ser mãe" o nunca nos conseguirmos desligar deles passe o tempo que passar, e pelo caminho o coração fica apertadinho tantas e tantas vezes. É viver um dia de cada vez, estar atenta e aguardar pelo melhor.
Acabei de receber uma mensagem de uma Limoneira, uma pessoa que não conheço, mas que em poucas palavras me deu muita força neste dia em que estou tão ansiosa. Escreveu-me: Vai correr tudo bem. Acredita. Muitos parabéns!
Acredito sim, Maria! Obrigada pelo apoio. A vida tem-me sido generosa e vai continuar a ser.