É uma miúda que não me traz preocupações na escola e nos seus resultados, que eu sei que conhece bem as suas escolhas e que toma decisões muito ponderadas. Por vezes até demais!
Não gosta de falhar e por isso não reage bem a críticas, pois entende que faz de tudo para não falhar.
Acontece que muito deste carisma e perfeccionismo por vezes também traz consequências negativas, principalmente para ela. É uma miúda demasiado séria e rigorosa, com dificuldade em lidar com uma brincadeira. Toda essa rigidez e exigência para consigo mesma leva a que tenha, desde muito cedo, problemas de ansiedade e stress que se revelam em dores nas costas, tensões e contracturas musculares desnecessárias.
A semana passada estava tão mal das costas que tive a levar a uma fisioterapeuta/osteopata desportiva. Assim que lhe meteu as mãos em cima, a terapeuta disse-lhe que parecia que trazia o peso do mundo nos ombros. Esta miúda tem apenas 16 anos. A terapeuta esteve duas horas a aliviar-lhe toda aquela tensão e a dizer-lhe que deve tentar relaxar mais, ensinando-lhe técnicas de respiração para quando estiver ansiosa, nomeadamente nas vésperas e dias de testes na escola.
Ontem foi dia de teste de Geografia, e mais uma vez lá estava a a Smartieteen em stress quando a deixei de manhã.
Perto da hora do almoço mandou-me uma mensagem, que não é habitual, perguntando-me se EU estava bem. Estranhei o sms e liguei-lhe de volta. Respondeu-me:
- Mãe, estou-me a borrifar para o teste de geografia!
Qual a enorme e dolorosa diferença de este teste para todos os anteriores?
Um colega de turma foi chamado para abandonar a sala de aula, sem fazer teste. Tinha acabado de perder a mãe. Já é o quarto colega em dois anos que fica sem pai/mãe.
Por vezes necessitamos de olhar os dramas à nossa volta e sentirmos na pele, com arrepio na espinha, que efectivamente temos uma sorte danada e que temos estamos a preocupamo-nos com tretas desnecessárias.
