Entre o põe cadeira, tira cadeira do carro, a mala de mão, o saco das fraldas, o carrinho, etc., há sempre a sensação que falta alguma coisa. E hoje foi um desses dias, mas sem saber o que me faltava segui para o hipermercado.
Fiz as compras e já na fase do pagamento abri a mala e dei por falta do telemóvel na bolsa habitual. Procurei por todo o lado e nada. Lembrava-me de o ter guardado no bolso do vestido. Teria sido roubado? A última vez que lhe tinha mexido tinha sido no carro pelo que haveria uma réstia de esperança que tivesse ficado por lá caído. Não descansei enquanto não me vi de volta ao estacionamento.
A caminho do carro, não era o dinheirão que iria ter de gastar num telemóvel novo que me preocupava. Tão pouco era ter perdido os e-mails e os contactos de todos os meus amigos. Não pensei na falta de acesso às redes sociais nem ao blogue. O meu pânico era ter perdido todas as fotografias e vídeos da Maria que fiz diariamente, desde que ela nasceu, e que eu não transferi para o computador. O nascimento, os primeiros sorrisos, as tentativas de palrar, as brincadeiras no banho, a troca de olhares durante as mamadas, as saídas à rua. Memórias destes dois meses que já não se repetem. Memórias que não têm preço tal é o valor imenso delas.
O meu alívio ao chegar ao carro e encontrar o telemóvel intacto é inexplicável.
Escusado será dizer que as fotografias e vídeos já se encontram todas no computador.