Comprei-o na Feira do Livro, passou tardes comigo no sofá e na praia, foi comigo aos States e voltou. Tem sido uma excelente companhia este Caçador do Verão de Hugo Gonçalves.
A tortuosa relação entre José e o avô (velho patriarca da família), com quem inclusivamente deixou de falar durante anos a fio, é retomada quando o avô adoece.
Uma porta aberta para recordar um verão que se julgava esquecido: o dia em que a mãe o abandonou na casa dos avós paternos na aldeia algarvia de Mata Seca, os amigos de infância e as traquinices, o dia em que o austero avô materno o foi buscar para viver na mansão do Estoril, a vivência com o outro lado da família, a prima cúmplice dos seus pecados...
Um relato de memórias de vida que vão enternecer particularmente quem, como eu, teve a felicidade de viver a sua infância/adolescência nos anos 80.
Pelas poderosas personagens, pela riqueza do enredo, pelos deliciosos pormenores, a história flui e dá vontade de ler mais.
Para rematar, a mensagem transmitida pelo autor de que somos muito daquilo que a nossa infância nos revelou, pois deixa-nos marcas indeléveis. E quando menos esperamos, tudo volta, nem que seja para nos ajudar a saber mais sobre nós próprios.
Nas palavras do autor: "por mais longe que cheguemos, nunca podemos fugir da infância". Para o bem ou para o mal, acrescento eu!