The Railway Man:
(spoiler alert)
Filme baseado na história de vida de Eric Lomax, um soldado britânico da II Guerra Mundial que, ao fim de cerca de 20 anos, ainda se vê a braços com os traumas e angústias de guerra.
Lomax foi prisioneiro num campo de trabalhos forçados japonês, torturado e obrigado a trabalhar na construção da linha de caminhos-de-ferro Thai-Burma (entre Bangkok e a antiga Birmânia) que, entre outras funções, transportaria munições para o Império Japonês e os ajudaria na sua causa contra os Aliados.
Lomax descobre que o homem responsável pelos maus-tratos de que foi alvo ainda está vivo, pelo que decide confrontá-lo.
O filme é cativante por diversos motivos. Em primeiro lugar, por se tratar de uma história baseada em factos verídicos. Confesso que tenho um fétiche por histórias de vida, pois acho que se aprende sempre algo profundo.
Em segundo lugar, por ser um filme sobre a II GM (um dos meus temas favoritos na história mundial) e, muito em particular, por relatar os crimes de guerra cometidos pelos japoneses e as atrocidades de que foram alvo os trabalhadores dessa linha-férrea e da famosa Ponte sobre o Rio Kwai (conhecida pelo filme de Dean Lean, com o mesmo nome). Cerca de 16.000 prisioneiros de guerra aliados e 90.000 asiáticos morreram na conclusão desse projecto, daí ser também apelidada de Ferrovia da Morte.
A Ponte sobre o Rio Kwai em Kanchanaburi, Tailândia é hoje um ponto turístico. Visitei-a no ano passado:
Curiosamente, e porque nestas coisas há sempre duas versões da mesma história, o nosso guia fez questão de relembrar o pânico e as mortes dos tailandeses quando os Aliados tomaram conhecimento da obra dos japoneses e bombardearam a zona.
(Spoiler Alert)
Existe hoje um museu de guerra e um cemitério nas redondezas. No filme, é nesse museu que trabalha Nagase, o homem responsável pelo sofrimento de Lomax, e é lá que se reencontram.
Lomax tem desejos de vingança, mas encontra um homem igualmente amargurado com o seu passado, pelo que o perdão se torna inevitável e intrinsecamente necessário para ambos. É impossível não perdoar quem reconhece o sofrimento que infligiu a outros e se envergonha disso. Citando um dos diálogos "A certa altura o ódio tem de acabar".
No final do filme, é-nos dado a conhecer que Lomax e Nagase se tornaram grandes amigos.
Só não se perdoa quem não tem o discernimento de admitir que errou, porque esses permanecem na lama do ódio e da raiva, para com os outros e dentro de si mesmos. Infelizes!
Nada vale mais do que esta vida!
(As fotos relativas ao filme não são obviamente de minha autoria, foram retiradas da net)