((Duas colunas pertencentes à antiga torre Norte no actual Memorial Museum)
Sei exactamente onde estava e o que estava a fazer quando se deu o ataque às torres gémeas, e estou certa que a maior parte de vós se recorda claramente daqueles primeiros momentos em que nos demos conta que algo novo e muito errado nos estava a acontecer.
A raiva sem limites, a morte sem escrúpulos, a provocação incomensurável, como os vilões dos filmes.
Apesar de estarmos a assistir a tudo aquilo pela TV, e de a nossa mente parecer querer iludir-nos que tudo aquilo não pensava de um filme, infelizmente tudo aquilo era verdade. Lembro-me de repetir para mim "isto não pode estar a acontecer", "isto não pode estar a acontecer".
Naquela altura eu tinha a Smartieteen com apenas 8 meses. Estava desejosa de sair do emprego e de a ir buscar, de a ter nos meus braços. Felizmente, como ela ainda era pequenina, eu não tinha de lhe traduzir por palavras o medo e a tristeza desmesurada que trazia comigo. Limitei-me a abraçá-la e torcer para que tudo aquilo fosse um acto isolado, a desejar que nada daquilo ou algo semelhante alguma vez se voltasse a repetir, pois não era esse o mundo que eu queria para ela.
Apesar da morte de Bin Laden em 2011, 16 anos depois do atentado de 11 de Setembro os ataques sórdidos e infundados mantém-se. E já não é lá longe, na América. É por aqui e por ali, por essa Europa fora, Indiscriminadamente. Uma guerra cobarde, pelas costas e quando menos se espera.
No mês passado estivemos os 4 em Barcelona e em Nice, ambas cidades que já foram alvo de ataques terroristas. Roma, por exemplo, estava repleta de forças policiais de arma em punho. Vários foram os momentos em que me lembrei que podia ser ali e agora.
Não era este o mundo que queria para a Smartieteen, nem para o Timteen, nem para os meus sobrinhos, nem para os filhos dos meus amigos, nem para nenhuma a criança deste mundo, mas é o mundo que temos. E esta é a realidade que os nossos filhos já conhecem e assistem desde pequenos.
Há uns dias, após o atentado de Barcelona, houve rumores sobre um possível atentado em Lisboa. A Smartieteen mandou-me um sms a pedir para eu não andar em sítios com muita gente. O medo que eu tinha da maneira como tudo isto pudesse afectá-la tornou-se real. E já não sou só eu a temer por ela. Já é ela que se preocupa comigo também. Já é ela que tem medo. E eu não queria.
Quero agarrar-me à esperança de que um dia isto venha a ter um fim. Sonho com o dia em que voltamos a viajar sem medos, em que as nossas cidades e governos não precisem de tomar medidas de segurança anti-terroristas, em que não estejamos sempre a olhar por cima do ombro.
Há uns dias, após o atentado de Barcelona, houve rumores sobre um possível atentado em Lisboa. A Smartieteen mandou-me um sms a pedir para eu não andar em sítios com muita gente. O medo que eu tinha da maneira como tudo isto pudesse afectá-la tornou-se real. E já não sou só eu a temer por ela. Já é ela que se preocupa comigo também. Já é ela que tem medo. E eu não queria.
Quero agarrar-me à esperança de que um dia isto venha a ter um fim. Sonho com o dia em que voltamos a viajar sem medos, em que as nossas cidades e governos não precisem de tomar medidas de segurança anti-terroristas, em que não estejamos sempre a olhar por cima do ombro.
Não me parece que seja com Trumps, nem com Kim Jong-uns, nem Putins que lá vamos. Precisamos de líderes fortes, mas humanos. Não de idiotas egocêntricos.
Dava jeito um John Lennon que nos pusesse a imaginar e a sonhar novamente com um mundo em paz. A música é de 11 de Outubro de 1971, mas 46 anos depois continua a fazer tanto sentido.
Lindo. Também sonho com um mundo em paz. Mas vou morrer com o mundo em guerra. Uma guerra diferente. Económica. De guerrilha. Psicológica e traumática. Beijos Susana.
ResponderEliminarE vamos ver as cenas dos próximos capítulos com o idiota da Coreia... medo!
EliminarÉ o que temos, infelizmente e temo que o pior esteja ainda para vir. Lembro-me exatamente de onde estava, de férias na pacatez de Vila Flor, lembro-me particularmente do silêncio da lagoa onde estávamos contrastar com o ruído e a confusão das notícias.
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